O retorno às aulas, ou mesmo a estreia de uma criança no ambiente escolar, é um marco na vida de qualquer família. Para os pais, esse momento traz uma mistura de emoções: alívio pela organização da rotina, mas também culpa, insegurança e, muitas vezes, o desafio de lidar com a resistência dos pequenos.
Já para as crianças, o primeiro contato ou o retorno ao ambiente escolar pode despertar ansiedade, medo e saudade de casa.
A decisão de matricular uma criança na escola é, muitas vezes, inevitável devido às necessidades da rotina de trabalho dos pais. Ainda assim, é comum que sentimentos de culpa e insegurança surjam. Segundo a psicóloga Victória Cindy, entender os benefícios dessa escolha é um primeiro passo para aliviar esses pesos emocionais.
“Em relação à culpa, é importante lembrar da necessidade do trabalho e de como isso impacta positivamente a qualidade de vida da família”, explica a psicóloga. “Os pais precisam se lembrar que o contato do filho com outras crianças e pessoas é fundamental para o desenvolvimento dele. Esse ambiente coletivo ajuda a criança a desenvolver habilidades como empatia, cooperação e autonomia.”
Já sobre a insegurança, Victoria reforça que a escolha da escola é um ponto-chave para tranquilizar os pais. “Escolha uma escola cuja metodologia esteja alinhada com os valores da sua família. É importante que o coração fique em paz quando você entrar no local e que sinta confiança na equipe. A segurança melhora com o tempo, pois confiança é algo construído”, destaca ela.
Muitas crianças, especialmente no início do ciclo escolar ou após longas férias, demonstram resistência ou até mesmo recusam ir à escola. Esse comportamento, embora desafiador, é esperado. “Se olharmos a situação com os olhos deles, é assustador ir para um lugar desconhecido, ficar com pessoas que nunca viu e fazer coisas inéditas. O processo de adaptação precisa ser gradual”, orienta Victória.
Esse período exige paciência e sensibilidade dos pais. “Os pais precisam acolher os medos das crianças, explicar a importância da escola e não ceder aos pedidos de não ir ou faltar. Isso vale tanto para os pequenos que estão iniciando a vida escolar quanto para aqueles que estão mudando de turma, professores ou amigos”, reforça.
A decisão de levar uma criança à escola, seja na educação infantil ou em etapas posteriores, depende de múltiplos fatores, como a rotina familiar e o grau de autonomia da criança. Segundo Victoria, não há uma idade ou momento exato para iniciar a transição de casa para a escola. “Normalmente, essa decisão surge pela necessidade do trabalho dos pais ou pela idade da criança, que já exige mais estímulos e interação social.”
Para garantir a segurança emocional da criança durante o período de adaptação, algumas atitudes são essenciais. Victoria aponta que é fundamental os pais ouvirem os filhos, acolherem seus sentimentos e orientá-los com honestidade. “Evite sair da escola enquanto eles estão chorando. Isso pode reforçar o sentimento de abandono. Não minta sobre o tempo que ficará longe e, principalmente, seja pontual ao buscá-los no fim do dia.”
A confiança dos pequenos nos pais e na escola é construída com pequenas ações diárias, como a previsibilidade no horário de saída e a honestidade nas conversas. “A criança precisa sentir que pode confiar no adulto, e isso acontece quando ela percebe que o que foi combinado será cumprido”, explica a psicóloga.
Embora a transição para a escola seja desafiadora, ela é também uma oportunidade de aprendizado e amadurecimento para toda a família. Para os pais, é o momento de desenvolver confiança nas escolhas que fazem para o bem-estar dos filhos. Para as crianças, é o início de um processo de socialização e aprendizado que será a base para o futuro.