Anápolis INDÚSTRIA

Politec tem demanda e cidade precisa diversificar economia

Prefeito alega falta de viabilidade e demanda para o polo, e economista defende que medida pode diversificar matriz

17/01/2025 18h00
Por: Emilly Viana
Foto: Reprodução
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O economista Márcio Dourado saiu em defesa do Polo Industrial Tecnológico de Anápolis (Politec), contrariando o discurso do prefeito Márcio Corrêa, que alegou falta de demanda e chamou o projeto de "enganação". Dourado afirmou que o Politec é importante para a diversificação da economia local e para atrair novas empresas, gerando empregos e impulsionando o desenvolvimento econômico do município. Ele também criticou o foco excessivo de Anápolis na indústria farmacêutica e defendeu a necessidade de investir em setores como logística, energia limpa e indústria tecnológica.

Dourado ressaltou que o Politec tem o potencial de atrair empresas e argumentou que o investimento em infraestrutura e tecnologia é essencial para a diversificação econômica e para tornar Anápolis mais competitiva no cenário nacional. "Isso traz emprego, isso traz renda, isso traz arrecadação", citou em entrevista ao DM Anápolis.

O economista também a importância da diversificação para a estabilidade econômica de Anápolis. "Quando a cidade atua em múltiplas frentes, ela fica muito menos sujeita a crises", explicou. Ele lembrou que a concentração em um único setor pode tornar a cidade vulnerável a crises econômicas e a flutuações no mercado.

Dourado esclareceu que o Politec não concorreria com o Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA). "A expansão do DAIA, como foi anunciada com mais de 200 empresas, de nenhuma maneira concorre com o Politec. São tipos de propósitos diferentes de atuação, são tipos de frentes diferentes de atuação", afirmou.

Ele citou exemplos de cidades que possuem mais de um distrito industrial e que têm economias impulsionadas pela diversificação. "Municípios mais dinâmicos possuem mais de um distrito industrial. Leia-se aí Aparecida de Goiânia, Uberlândia, Uberaba. Todos eles se consolidam em prol da formação do polo de desenvolvimento econômico da cidade", defendeu.

Para o especialista, é importante que o poder público se preocupe em criar condições para que as empresas atuem no município. "O gasto nesse tipo de coisa é uma espécie de investimento, uma vez que as pessoas que trabalham lá, elas consomem esse consumo paga imposto. Essas pessoas moram, elas pagam IPTU e faz com que se gire toda a economia dentro da cidade, preservando e melhorando as condições de emprego e de renda", reforçou.

EMBATE

O futuro incerto do Polo Industrial Tecnológico de Anápolis (Politec) foi motivo de embate o prefeito Márcio Corrêa (PL) e o ex-vice-prefeito, Márcio Cândido (PSD), nesta semana. Enquanto Corrêa classifica o projeto como uma "enganação" e prometeu descontinuá-lo, Cândido defende a viabilidade e a importância do polo para a cidade.

Corrêa, em entrevista ao programa Painel DM, alegou que o Politec "não tem viabilidade técnica e operacional de água ou de energia". Segundo ele, a área destinada ao polo é uma "área de abastecimento de água da prefeitura" e que técnicos da Equatorial teriam apontado a impossibilidade de implementar eletricidade no local. "Se gasta R$ 45 milhões numa obra de um polo industrial, mas qual indústria vai para lá?", questionou.

Cândido, por sua vez, rebateu as críticas em entrevista ao mesmo programa. Ele afirmou que o Politec foi concebido como um projeto sustentável, com produção de água própria e projeto elétrico aprovado pela Equatorial. "O prefeito Márcio Corrêa, com toda certeza, não se inteirou completamente do projeto", alfinetou. "O Politec é um conceito de sustentabilidade. É um tripé de desenvolvimento social, econômico e ambiental", defendeu.

Outro ponto de divergência é a questão da demanda. Corrêa alegou que o Politec "não tem demanda" e que irá priorizar ações para atrair empresas para Anápolis antes de investir em um novo polo industrial. Cândido, no entanto, argumentou que há "empresas em Anápolis estranguladas" que buscam áreas para expansão e que o Politec seria uma solução para esse problema. "Um dos objetivos do Politec é esse. Recebi empresários na Secretaria de Indústria e Comércio em busca de área", afirmou.

O ex-vice-prefeito também destacou o potencial do Politec para transformar a região Norte da cidade e gerar empregos. "Vai trazer desenvolvimento, mudar a cara da região Norte de Anápolis. Já imaginou o tanto de emprego gerado ali, economia, valores agregados e por aí vai", projetou.

Diante da negativa de Corrêa em dar continuidade à obra, Cândido questionou o que o prefeito pretende fazer com a área destinada ao Politec e se ele irá cumprir a promessa de campanha de criar um distrito industrial municipal. "O Politec, segundo o prefeito, é uma ilusão. Mas já adquirimos uma área de quase 20 alqueires. O que ele vai fazer com essa área, já que é inviável e ilusão?", indagou.

O Politec

O projeto do Politec é antigo, mas só começou a sair do papel em 2023, com ordem de serviço numa área permutada pela Prefeitura de 921.032 metros quadrados, com 13 quadras, sendo três áreas de preservação ambiental, dez ruas e a avenida principal.

O terreno será dividido em cerca de 180 lotes. Com uma localização estratégica, o Politec ficará às margens da BR-153, entre o Parque de Exposições Agropecuárias e a Base Aérea de Anápolis. À época, a Prefeitura informou que o novo polo foi pensado de modo a proteger e fomentar a biodiversidade nativa da região, assim, respeitando os ciclos naturais do planeta e protegendo o solo.

Quando a obra foi lançada, o setor produtivo participou do evento, com a presença do presidente da Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia), Luiz Cláudio Ledra, que naquele momento elogiou a iniciativa.

“Isso para Anápolis é muito importante porque é o fortalecimento do comércio e da indústria e agora da tecnologia. É importante para nós anapolinos termos uma área como essa. Já tem empresários de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Goiânia já começando a demonstrar interesse. Procurando como será a área, tem muita gente já procurando o espaço aqui. Isso é muito positivo. Anápolis merece”, afirmou.

A Secretaria de Indústria, Comércio, Turismo e Modernização, responsável pela implantação, previu a criação de 5 mil empregos no polo industrial. O terreno em questão fica localizado às margens da BR-153, entre o Parque de Exposições Agropecuárias e a Base Aérea de Anápolis. O projeto definiu 13 quadras, das quais três são de preservação ambiental, dez ruas e a avenida principal.

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