Anápolis PARALISAÇÃO

Obra da Ponte Estaiada não deve ter continuidade, indica prefeito

Márcio Corrêa cita falta de recursos para dar sequência. Politec e nova sede da Câmara também devem ser abortados

13/01/2025 08h00
Por: Redação
Foto: Bruno Velasco
Foto: Bruno Velasco

O prefeito Márcio Corrêa (PL) indicou que não dará sequência às obras da Ponte Estaiada Edenval Ramos Caiado. A estrutura liga as avenidas Brasil Sul e Pedro Ludovico, duas das principais do município, sobretudo na região Sul. Elas tiveram início em dezembro de 2023 e estão com cerca de 40% de execução.

O investimento anunciado pela Prefeitura à época foi de R$ 125 milhões. De acordo com o prefeito, todo este valor já foi consumido pela gestão anterior e, alega, não há recursos para manter a execução dos serviços.

“A ponte estaiada não temos recurso para dar continuidade”, disse o chefe do executivo municipal em entrevista ao Painel DM da última sexta-feira (10).  “Aquele dinheiro do empréstimo (para a ponte) foi utilizado em outras obras. E o juro é altíssimo. A cidade não tem condição financeira de dar continuidade”, completou.

Ele ainda criticou o tipo de estrutura escolhida para fazer a ligação. “Juntamente com técnicos, não entendemos porque foi feita uma obra daquela magnitude, num outro formato, com aquele acesso, a gente conseguiria fazê-la com 50% daquele valor”, ressaltou.

Logo depois, ele citou que as obras da nova sede da Câmara de Vereadores do Polo Industrial Tecnológico de Anápolis (Politec) devem ter o mesmo destino, não só pelo custo, mas também por não atenderem ao interesse público, na visão do gestor. “Será retomado o que é prioridade para a população. Estamos com um déficit fiscal muito grande. O dinheiro dos empréstimos já foi todo utilizado”, avaliou.

Corrêa fez duras críticas à obra do Politec, que classificou como inviável. Ele ainda afirmou não haver demanda de empresas para se instalar no espaço.

“Já foi lançada há tanto tempo, mas nunca saiu porque é uma enganação. Está numa área de abastecimento de água da prefeitura, não tem viabilidade técnica e operacional de água ou de energia. Já me reuni com os órgãos e tenho convicção e certeza do que estou falando. Se gasta R$ 45 milhões numa obra de um polo industrial, mas qual indústria vai para lá?”, questionou.

Ele prometeu ainda que vai pensar num polo industrial municipal - que foi promessa de campanha – quando a cidade tiver novamente demanda. “Vamos retomar a capacidade de atração de empresas e investimentos e, quando tiver demanda, cria o polo industrial”, justificou o gestor.

Trincheira do Recanto do Sol

Enquanto as três obras parecem fadadas ao esquecimento, uma outra importante de infraestrutura é tratada como prioritária pela gestão Corrêa: a da trincheira do Recanto do Sol, que vem para solucionar um dos principais problemas de tráfego da cidade. O prefeito diz que há problemas de projeto, mas que a obra – que hoje está 85% executada – será concluída.

“A obra do Recanto do Sol é uma grande prioridade e precisa ser retomada. Mas temos uma responsabilidade com ela. Ela está com algumas dificuldades com ordem de projetos. Tem uma parte próxima do Condomínio Grand Trianon, da água da escavação que está sendo realizada. Temos todo interesse do quanto antes retomar”, frisou.

Todas as obras da Prefeitura foram paralisadas no dia 1º de janeiro, a partir do decreto publicado pelo prefeito. São pelo menos 17 obras que eram executadas e agora são avaliadas pela nova composição da Secretaria Municipal de Obras, Meio Ambiente e Serviços Urbanos. A auditoria quer perscrutar detalhes das intervenções, mensurar recursos e planejar o impacto delas para a sociedade.

Além das obras citadas por Corrêa, também estavam em execução o Centro Cultural, reformas das Escolas Municipais Inácio Sardinha de Lisboa, Rodolf Mikel Ghannam, Lions Anhanguera, Dinalva Lopes, Realino José de Oliveira e as construções de novas escolas na Vila Fabril e no Residencial do Cerrado, além do CMEI do Jardim Promissão, da UPA Veterinária, reforma da Osego, anel viário da ANS-10 e reforma do CMEI Arnaldo Steckelberg.

Estamos focados em medidas emergenciais propostas no plano de governo, entendendo os números da gestão, situação fiscal. É preciso ter esse perfeito diagnóstico. Estamos fazendo análise de todos os contratos. Anápolis perdeu sua capacidade de investimento, fruto dos contratos terceirizados. Estamos avaliando todos e suspendemos uma série de contratos. Vamos reavaliar alguns e repactuar outros.

Setor de projetos. Iniciar projetos em diversas áreas para conseguir crédito e recursos em Brasília. Para evitar pegar dinheiro com juros muito altos. Endividamento na ordem de R$ 800 milhões a um juro altíssimo. Empréstimos de mais de R$ 120 milhões. Recursos totalmente utilizados e só foi 40%. A cidade não tem recursos para dar continuidade à obra. Não é diferente do Politec. Taxa de 199% do CDI, mais de 12% ao mês. É um custo quase impagável se tratando do setor público. Renegociação de dívidas e contratos. Ontem venceu uma parcela de empréstimo de mais de R$ 10 milhões.

Anápolis perdeu o rumo do ponto de vista fiscal. Contratos terceirizados caros, mas com pouca capacidade de entrega do ponto de vista da população. Mais de R$ 500 mil para Educa Anápolis. Educação vai ter mais de R$ 1 milhão por mês de economia com softwares. Não é diferente na saúde.

Recurso que ficará muito caro para o bolso do contribuinte, mas sem um retorno para a população.

Toda nossa prioridade retomar, entendendo nossas demandas da urgência e emergência. Tínhamos reunido esta semana. Vão sair os editais de chamamento nos próximos dias. Readequando instalações que não estavam prontas. Devem sair nos próximos dias.

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