Fechamento da UPA da Mulher repercute, e Prefeitura quer acelerar reabertura

A repercussão do fechamento momentâneo da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Mulher Anapolina fez a Prefeitura se movimentar para reabrir rapidamente as portas. Inaugurada no dia 17 de dezembro, a UPA foi fechada nesta quarta-feira (1) após realizar 3.226 atendimentos em duas semanas de funcionamento. 

Ao DM Anápolis, a Secretaria Municipal de Saúde informou que “está atuando dentro da legalidade para reabrir as portas da UPA da Mulher o quanto antes” e afirmou “que o contrato para atendimento médico, firmado pela gestão passada sem o devido processo legal, foi finalizado no dia 31 de dezembro, interrompendo a continuidade do serviço.” 

A justificativa foi a mesma dada pelo prefeito Márcio Corrêa (PL), em coletiva de imprensa na porta do Hospital Municipal Alfredo Abrahão. O chefe do Executivo municipal alegou que o contrato com a empresa responsável pelos médicos foi encerrado e disse que a UPA da Mulher Anapolina funcionava sem alvará. Segundo ele, a inauguração se deu para atender “pirotecnias políticas.” 

A gestão anterior, de Roberto Naves, diz que o vínculo não se estendeu para janeiro pela vedação legal, uma vez que haveria troca no comando do Centro Administrativo Adhemar Santillo.  

Contudo, antes de tomar posse, Corrêa foi informado sobre a expiração do contrato. Ele conversou com a empresa e ficou acordado que os médicos se apresentariam para o trabalho até que um processo definitivo fosse concluído. No entanto, o prefeito mudou de ideia e determinou que a unidade ficasse de portas fechadas até segunda ordem. 

Cabo de guerra  

A UPA da Mulher está no centro de uma disputa política. O ex-prefeito Roberto Naves conduziu um processo para a contratação da Organização Social Agir, que ficaria responsável pela gestão não só da estrutura de atendimento às mulheres – que ainda conta com a Unidade de Saúde Dr. Cláudio Abadia de Paiva e a Casa da Mulher Anapolina Fernanda Moreira Constante – mas também do Hospital Municipal Georges Hajjar. 

Corrêa, à época prefeito eleito, reuniu-se com dirigentes da OS e os desaconselhou a assumir a gestão das unidades, sob pena de rescisão contratual em 2025, fato que foi publicado pelo DM Anápolis em novembro do ano passado. 

A UPA da Mulher Anapolina é um símbolo importante num momento em que a saúde é tida pelos anapolinos como o principal problema da cidade, conforme indicado, por exemplo, pela pesquisa Serpes O Popular, onde cerca de nove a cada dez moradores do município citaram o tema como o mais delicado e premente para o novo gestor. Saúde foi, ressalta-se, o grande tema da eleição de 2024. 

Naves ou Corrêa evidentemente gostariam de deixar suas digitais na entrega da estrutura, cuja construção foi viabilizada a partir das emendas da deputada estadual Vivian Naves (PP). 

Se a inauguração coube ao prefeito anterior, o atual atua pela reestruturação da rede. Depois de anunciar a abertura das portas do Hospital Alfredo Abrahão – para traumas e pequenas cirurgias - Corrêa pode também modificar o perfil de atendimento da UPA da Mulher. Nos bastidores, esta possibilidade tem sido tratada como provável. 

Anápolis hoje tem as UPAs Pediátrica, da Mulher e Alair Mafra. As duas primeiras atendem públicos específicos - crianças e mulheres – enquanto a unidade da Vila Esperança recebe todos os tipos de pacientes. A ideia seria transformá-las todas em UPAs gerais, numa deixa já dada pelo vice-prefeito Walter Vosgrau (MDB), médico e nome forte da saúde da nova gestão. 

“Isso vai ser discutido. A UPA da Vila Esperança está um caos. Não sei se a Anvisa vai permitir continuar. Vamos ter que rever o que fazer com a UPA da Vila Esperança, da Mulher e da Criança. Temos muitas coisas para resolver nos próximos dias. Agora com o secretariado montado, com a caneta na mão, vamos sentar e tomar uma decisão o mais rápido possível para dar uma resposta à população”, disse o vice-prefeito após a cerimônia de posse.