A pandemia de Covid-19 deixou 837 crianças e adolescentes órfãos de pelo menos um dos pais em Goiás desde 2019, segundo levantamento inédito realizado pelos Cartórios de Registro Civil. O estudo cruzou dados dos CPFs dos pais nos registros de óbitos com os registros de nascimento dos filhos.
Os dados apontam que, em 2021, um terço das mortes que resultaram em orfandade no estado foi causado pela Covid-19. No total, são 654 crianças afetadas em um total de 1.827 órfãos registrados naquele ano.
Entre 2021 e 2024, mais de 6,5 mil crianças e adolescentes perderam ao menos um dos pais em Goiás. Em 2022, o número caiu para 1.480, mas voltou a subir em 2023, com 1.621 registros. Até outubro de 2024, 1.625 órfãos já foram contabilizados, superando o total do ano anterior no mesmo período.
Entre os casos de crianças que perderam ambos os pais, os números foram menores, mas igualmente alarmantes: 41 em 2021, 38 em 2022, 32 em 2023 e 45 até outubro de 2024. A inclusão do CPF dos pais nos registros de nascimento, obrigatória desde 2019, permitiu uma análise mais precisa da orfandade no Brasil.
OUTRAS CAUSAS
Além dos casos diretamente atribuídos à Covid-19, o levantamento também registrou mortes de pais por doenças relacionadas, como insuficiência respiratória, Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e causas indeterminadas. As condições adicionaram pelo menos 406 casos de orfandade no estado.
O estudo também mostrou um aumento de mortes por doenças como infarto, AVC, sepse e pneumonia, muitas vezes associadas às complicações da pandemia. Vale ressaltar que Goiás é o quinto estado com maior número de órfãos no Brasil, ficando atrás de São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No total nacional, a pandemia e suas complicações deixaram 1.243 órfãos, considerando tanto casos diretos quanto doenças correlacionadas.