Política ENTREVISTA

Cleide Hilário: “Uma coisa é a eleição da mesa, outra é ser de oposição ou não”

Vereadora diz que, assim como a Câmara não interfere no secretariado, é o legislativo que deve definir sobre a Mesa Diretora

27/11/2024 09h30
Por: Orisvaldo Pires
Foto: Reprodução
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A vereadora Cleide Hilário (Republicanos), atual 3ª secretária da Mesa Diretora, numa entrevista franca e direta concedida nesta terça-feira, 26, à Rádio Manchester FM, disse que nenhum vereador vai trabalhar contra o prefeito eleito Márcio Corrêa (PL) e sua gestão. Defende um legislativo livre para eleger sua Mesa Diretora, disse ter conversa adiantada com o presidente Dominguinhos do Cedro (PDT) e informa que vai trabalhar para ampliar as ações da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara de Anápolis. Veja os principais momentos da entrevista.

Como compara as campanhas de 2020 e 2024?

São características diferentes. [Em 2020] passávamos o período de pandemia, onde a gente não podia fazer praticamente quase nada. A gente não tinha como fazer reuniões. Andamos mais. Trabalhamos muito e, graças a Deus, colhemos um bom resultado. Essa campanha [2024] a gente sentiu uma aversão muito grande da população em relação à política. A gente via que as pessoas não estavam muito interessadas, muitas nem sabiam o que estava ocorrendo o pleito eleitoral. Tanto no primeiro turno quanto no segundo turno, houve abstenção muito grande. E todos os colegas tiveram uma certa dificuldade em relação a isso, mas graças a Deus tivemos aí um bom resultado.

A senhora declarou apoio a Márcio Corrêa no 2º turno. Fez campanha?

Nós fizemos campanha, fomos diante dos grupos que nos apoiaram, fomos nos nossos apoiadores, levamos o nome dele. Eu venho de uma linha de direita, desde 2022. Em 2022 apoiamos o ex-presidente Jair Bolsonaro. O meu grupo também acompanhou e o caminho certo seria a gente apoiar o Márcio, que é um candidato de direita, aquele que apresenta aquilo que nós defendemos, que está dentro da linha do que nós defendemos.

Significa que a senhora já é da base do prefeito Márcio Corrêa? Como se posicionaria diante de uma indicação dele para a Mesa Diretora?

A minha conversa com o prefeito eleito foi antes das eleições. Eu ainda não conversei com ele pós-eleição. Foi uma questão de apoio político para o segundo turno. Em relação à Mesa Diretora, é uma eleição dentro da Casa, dentro do legislativo, entre os vereadores. E a negociação está ocorrendo entre os vereadores. Nós temos cinco candidatos à presidência. Então uns conversam mais, outros conversam menos.

Com quem que a senhora conversou dizendo que é candidato a presidente da mesa?

Tenho uma conversa muito avançada com o vereador Domingos [Paula] mesmo, porque eu faço parte da Mesa Diretora atual. Ele fez um avanço muito grande na Casa. Trouxe várias melhorias para o poder legislativo. E já tive uma conversa apenas com a Andréia [Rezende], conversa de corredores com um e outro. Mas a minha conversa mais avançada é com o Domingos. A gente está muito próximo. Gosto muito do trabalho que o Domingos vem realizando.

Como a senhora observa o debate sobre quem é ou não da base do prefeito?

O que é ser base? O que é não ser base? Ser base é somente aqueles que apoiaram desde o primeiro turno, ou ser base é aqueles que acompanharam o processo eleitoral? Então a gente tem que ver esse âmbito. E ali a gente não está tratando de ser base ou não. Nós estamos tratando o poder legislativo, eu acho que tem que ter essa separação, poder legislativo e poder executivo. Nós não opinamos em relação a quem vai ser o secretariado. É o mesmo caso dos cargos que se tem na Casa e quem vai compor a mesa diretora? É o poder legislativo quem vai compor a Mesa, como que serão feitas as negociações. E não se é oposição, se é situação, se é base ou não base. 

O poder legislativo rejeita qualquer interferência externa?

Não. A Constituição (Federal) prevê que nós somos poderes independentes. A Constituição separa os poderes. Nela fala que tem o poder executivo, legislativo e judiciário, e todos trabalham em harmonia, mas não interferem um no outro. 

Qual a influência do partido tanto nessa decisão da senhora de ser base ou não do próximo prefeito, quanto também na eleição da mesa diretora?

Então o prefeito Roberto [Naves], presidente do partido [Republicanos], antes do segundo turno, liberou a bancada para que escolhesse o caminho. Ele também não tem se intrometido também em relação à mesa diretora. Ele tem respeitado a posição dos parlamentares.

É possível a escolha da Mesa Diretora sem a intervenção do prefeito eleito?

Acredito que sim. Uma coisa é a eleição da mesa, outra coisa é você ser oposição ou não. Acho que não existe isso. Se 16 vereadores votarem em outro candidato que não acompanhou desde o primeiro turno, quer dizer que todos os 16 serão oposição? Ninguém está ali para trabalhar contra o prefeito. Se você trabalhar contra o prefeito, você trabalha contra o município, você trabalha contra a população de Anápolis. E esse não é objetivo. Ali nós discutimos o que é melhor para dentro do poder legislativo.

Como tem sido o trabalho da Procuradoria Especial da Mulher, na Câmara Municipal?

Iniciamos o trabalho, um projeto da nossa autoria. Levamos até a Mesa Diretora. Foi aprovado por unanimidade dos vereadores. Quero agradecer a todos os pares que votaram. É um projeto que nós começamos pequeno dentro do gabinete. Hoje nós temos ali um espaço, que foi cedido para que recebêssemos as mulheres. Atualmente temos mais de 100 mulheres que são assistidas e atendidas pela Procuradoria e a intenção para o próximo mandato é ampliar mais ainda nosso trabalho. Fazemos parte da rede de proteção às mulheres vítimas de violência. Temos uma vasta rede de proteção e visitei vários municípios. Avançamos bastante, nós estamos bem à frente. Até mesmo de Goiânia. A violência não é apenas aquela que a mulher fica roxa, com sinais. Tem a violência psicológica, financeira. São outros tipos de violência.  Já atendi mulheres que trabalham o mês inteiro, porém, o cartão dela é detido pelo esposo, pelo companheiro, então ela não vê um centavo. Muitas vezes ela não tem o que vestir porque ele não permite que ela pegue.

[Atendimento psicológico]

Temos uma psicóloga que trabalha de forma voluntária. A gente faz parcerias com outros vereadores. Essa psicóloga trabalhava no gabinete do vereador Wederson Lopes, e atendia na procuradoria. Nós temos ali uma assistência jurídica. Então a gente faz e encaminha para essa rede de proteção, para que a rede de proteção ajude. Hoje na Câmara, temos um carro à disposição, para transportar as mulheres vítimas de violência, ao Fórum ou outro local que ele precise. Atendemos, ajudamos e acompanhamos para ver o andamento.

Qual o respaldo que a Presidência oferece?

Todo o respaldo da presidência, o trabalho que nós fazemos, toda a estrutura que nós temos hoje. Temos uma estrutura hoje que foi dada pela Presidência da atual, pelo presidente Domingos [Paula]. Ele criou um espaço, porque antes não tinha. Na Procuradoria hoje temos uma sala específica preparada para atender essas mulheres. Temos servidores que ficam por conta, que ligam para saber como que está a situação daquela mulher. Nós temos um advogado que fica à disposição para atender aquelas mulheres. Temos estrutura física e de pessoas também.

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