O vice-presidente do Partidos dos Trabalhadores em Goiás e integrante da cúpula do PT em Anápolis, o advogado Ceser Donizete Pereira, entrevistado pelo jornalismo da Manchester FM/DM Anápolis nesta quarta-feira, 20, disse que a população decidiu, democraticamente, que o partido deve ficar na oposição, “e assim faremos”. Segundo ele, será uma oposição “de memória”, com intuito de lembrar à gestão as promessas que fez durante a campanha. Falou ainda sobre as investigações sobre um plano golpista que teria arquitetado o assassinato do presidente Lula e do ministro do STF Alexandre de Morais, “eles tinham um comando nacional”, e disse que, na eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal, o PT vai votar em bloco. Confira os principais momentos da entrevista.
Como analisa a prisão dos coronéis que, em 2022, planejaram a morte do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e, também, do ministro do STF Alexandre de Moraes?
É um absurdo. Acho que temos que preservar a democracia. Isso que aconteceu, é só o pessoal puxar na memória. {Falavam] nós vamos enforcar na praça pública o Moraes. Não lembram dessas conversas na época? Eles falavam entre eles, que em 72 horas iria acontecer um negócio. No pós-eleição. Vocês acham que aquele movimento de ocupação na porta dos quartéis, e que aconteceu inclusive aqui em Anápolis, em Goiânia, em todo o Brasil, aquilo aconteceu espontaneamente? Não. Eles tinham um comando nacional. Evidentemente que tinham, tinham dinheiro, tinham gente paga para ficar lá. Tinha o pessoal que ia todo dia, mas tinha os plantonistas pagos por dia, era diária. Então tinha uma organização. Tem legislação própria para esses casos e tem que punir de acordo com a regra. Como nós vivemos num país democrático e as penas já são preestabelecidas de acordo com a lei. Então tem que punir de acordo com a regra.
[O comportamento nas eleições em Anápolis]
Por exemplo, acabou de ter a eleição aqui em Anápolis. Vocês viram alguém do PT sair na rua, falar que a urna foi corrompida? Escutaram o Antônio Gomide, o Rubens Otoni, o Ceser Donizete, o Marcos Carvalho ou Rimet Jules falando isso aqui? Não, ué. Ganhou, ganhou. Teve problema? Teve. Teve abuso de poder econômico? Teve. Mas nós não podemos provar, entendeu? Teve fake News? Teve. Na campanha [disseram que não iriam conversar] com o presidente do Lula. Hoje vai ao Ministério, a Brasília, conversar com o ministro nomeado do Lula. Se não for, não dá conta de fazer nada na cidade. Tem que conversar com o governador? Tem.
Que será o posicionamento do PT em relação à [nova] administração?
A posição nossa é a que o povo nos colocou. Nós tínhamos um candidato, a população escolheu o outro, democraticamente. Então, onde nós estaremos? Na oposição.
Barulhenta ou silenciosa?
A oposição, a meu ver, é de memória. Eu acho que a oposição nossa vai oposição pró Márcio [Corrêa]. Para lembrar das promessas. [Construção de] 25 mil casas. Está registrado no TRE. Vamos ver. Se a conversa for muito boa lá com o governo Lula, pode ser que lance alguma coisa em três meses. Então é assim, tudo bem. Ele precisa governar. Não terá de nossa parte a oposição que eles têm com a gente.
Quais outras propostas que vocês vão acompanhar de perto ficar lembrando?
Lembrando as casas populares, as creches, que é uma questão fundamental para as nossas trabalhadoras da cidade. A melhoria da infraestrutura, a criação de emprego, os hospitais. A questão da saúde principalmente.
Não seria possível a construção dessa quantidade de casas nesse tempo pré-definido?
Olha, eu acho difícil. No caso do Márcio, mais difícil ainda, porque ele não ia conversar com o governo Lula. Agora, depois que ganhou, repensou. Ele falava durante a campanha [que não conversaria] com o Lula. No final piorou, que não conversava nem com o [governador Ronaldo] Caiado. Quando eu estou falando isso, eu estou só lembrando a campanha. Uma coisa são as fake news de campanha. Outra coisa é a realidade na realidade. O orçamento da cidade não permite investimento dessa envergadura, nunca deu conta disso. Ele precisa de parcerias e da nossa parte não vai ter nenhum problema. O que a gente puder ajudar, vamos ajudar. Tenho certeza de que o Antônio Gomide, como deputado estadual, assim como os demais deputados de Anápolis, vá ajudar naquilo que for possível. Temos um deputado federal, o Rubens Otoni, da cidade, que com certeza tem muito mais abertura lá em Brasília, com vários amigos, ministros, que podem ajudar.
Qual deve ser o posicionamento do PT dentro na discussão sobre a eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal?
Olha, o parlamento movimento próprio. Veja, em Brasília, por exemplo, o PT está numa conversação de ter uma candidatura de consenso. Em Goiânia [na Alego], acabou de ser eleita a próxima Mesa, com a reeleição do [deputado] Bruno Peixoto, e com a presença da [deputada do PT] Bia de Lima como terceira vice-presidente. Tenho certeza de que o professor Marcos [Carvalho], reeleito, e o Rimet Jules, eleito, terão um melhor caminho. Eu acho que o caminho ali é que o PT tenha presença nos espaços da Câmara, tanto da Mesa quanto nas comissões. Essa é uma discussão tranquila.
O PT teria dificuldade de votar em um candidato indicado por Marcos Corrêa?
Não. Acho que não. Por exemplo, o presidente que está sendo acertado lá na Câmara Federal, é candidato do Lula? Não.
Como você vê o interesse do prefeito eleito em participar da indicação de um nome para presidente da Câmara?
Normal. O prefeito foi eleito pela comunidade, os vereadores também. É normal que ele tenha preferências. Às vezes o parlamento não acompanha, né? Mas é normal que tenha preferência. Agora, esse candidato ou candidata dele precisa ter na Câmara sua aliança, sua articulação. Imagina o prefeito indicar alguém que vai perder. Tem que ter viabilidade pessoal com os pares, porque é outra eleição. Imagino que que deve fazer uma conversa. O que eu posso falar é de nós, do PT. Os dois vereadores têm total Liberdade para fazer essa negociação. Imagino que, em Anápolis, não tem sentido ter duas chapas.
Pode acontecer de um vereador do PT votar num candidato e, o outro vereador em outro candidato?
Acho que não. Nessa questão, digamos que tivesse dúvida. O normal é juntar e resolver, por um lado ou para o outro. Aí o voto é junto. É o normal nosso. Se você vai separado, fica assistindo como coadjuvante.
[Fatores importantes para viabilizar o nome à Mesa]
É aquele negócio, quem dá conta de ampliar o apoiamento? Acho que o Domingos [Paula] fez um bom trabalho, tem feito junto com os vereadores. Acho que o José Fernandes é uma boa liderança, foi o mais votado da cidade. A Andreia Rezende tem capacidade de articulação, tanto ela quanto o Amilton [Batista de Faria] ou o Amilton Filho [deputado estadual]. A Andréa tem grandes condições de liderar também. Não será surpresa para mim qualquer um dos três ganhar.