Anápolis sediará, nesta sexta-feira, 8, a 1ª Conferência Municipal de Economia Solidária, um evento que busca discutir e impulsionar um modelo econômico voltado para a inclusão, autonomia e sustentabilidade. Realizada no Plenário da Câmara Municipal, das 8h às 17h, a conferência é organizada em parceria pelo Instituto Federal de Goiás (IFG) e pelo vereador Professor Marcos Carvalho.
A iniciativa reúne grupos de economia solidária, pequenos produtores, artesãos, cooperativas e a comunidade em geral para um dia de debates e troca de experiências. Para participar do evento, os interessados podem fazer a inscrição pelo link disponível no perfil do Instagram do Núcleo Incubador do IFG. Além disso, haverá credenciamento no próprio local das 8h às 9h.
Em entrevista à Manchester FM/DM Anápolis, a professora Elza Miranda, referência no assunto e uma das organizadoras do evento, disse que a economia solidária representa uma alternativa importante diante do modelo tradicional de trabalho, especialmente para pessoas que enfrentam dificuldades para se inserir no mercado formal. “Hoje, temos uma discussão muito séria na sociedade que é essa relação trabalhista exploratória. A economia solidária vem questionar esse tipo de trabalho. Se for para ser explorado na minha carga horária, em direitos que não são garantidos, é melhor eu ser autônomo e ser meu próprio patrão,” afirma.
Durante a conferência, os participantes terão a oportunidade de participar de uma feira de economia solidária, que estará montada no hall da Câmara. Além de exposições e vendas de produtos como artesanato, alimentos orgânicos e peças de brechós, o evento servirá como um espaço para o fortalecimento de redes de produção colaborativa e de apoio mútuo. Segundo Elza Miranda, esse tipo de trabalho proporciona benefícios não só individuais, mas também coletivos. “O que buscamos na economia solidária é fortalecer essas pessoas como coletivos, associações, cooperativas, que se beneficiem coletivamente desse trabalho cooperado,” explica.
Além de fomentar o consumo consciente, a economia solidária também busca aproximar os produtores da própria comunidade, promovendo a sustentabilidade e o desenvolvimento local. “A economia solidária se sustenta nesse coletivo. Então, ao invés da produtora estar trabalhando sozinha, ela poderia estar buscando o trabalho cooperado como alternativa de facilitação do trabalho de todas,” pontua a professora. A ideia é que, ao se organizarem em associações e cooperativas, os produtores possam compartilhar equipamentos, insumos e outros recursos, facilitando o processo produtivo.
FORTALECIMENTO
Outro aspecto importante abordado na conferência é o papel das políticas públicas no fortalecimento desse modelo econômico. A professora Elza destaca que o evento municipal está inserido em um contexto maior, alinhado às conferências estadual e nacional que ocorrerão no próximo ano. “O objetivo dessa quarta conferência, seja nas localidades, seja por meio das conferências temáticas, é que o país todo esteja discutindo essas políticas públicas,” expõe. Ela reforça que essas políticas buscam formalizar e estruturar formas de trabalho que, apesar de não estarem inseridas no sistema convencional de empregabilidade, têm um papel relevante no desenvolvimento das comunidades e territórios.
A economia solidária também se apresenta como uma opção viável para pessoas com restrições de mobilidade ou que precisam conciliar o trabalho com a vida doméstica. De acordo com a professora, a autogestão permite que essas pessoas tenham uma alternativa de renda e, ao mesmo tempo, possam manter uma rotina mais flexível. “Seja porque ela tem filhos, precisa permanecer em casa, seja porque é cuidadora de uma pessoa, tem limitações de deslocamento, então começa a produzir em casa ou a partir de uma coletividade,” diz. Dessa forma, conforme destaca a especialista, a economia solidária amplia as possibilidades de inserção produtiva, especialmente para grupos que, muitas vezes, ficam à margem do sistema formal de trabalho.
A professora faz um convite especial para as associações e cooperativas da cidade, incluindo grupos de artesanato, agricultura familiar e catadores de recicláveis. “As cooperativas são nossos convidados para essa conferência, para pensar esse trabalho cooperado, pensar essas organizações que já funcionam, os coletivos culturais, coletivos relacionados aos povos tradicionais,” ressalta.