Política ELEIÇÕES

“Me parece que, quem não vota, não teria o direito de reclamar”, diz juiz eleitoral

Magistrado lamentou o alto índice de eleitores que deixaram de votar; do 1º para o 2º turno abstenção aumentou de 28,71% para 34,24%

29/10/2024 15h30
Por: Orisvaldo Pires
Foto: Reprodução
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O juiz eleitoral Gleuton Brito Freire lamentou, durante entrevista à Manchester FM/DM Anápolis na tarde de domingo, 27, o histórico número de eleitores que deixaram de comparecer às seções eleitorais no 1º e 2º turnos. A abstenção de 28,71% (84.023 eleitores) verificada em 6 de outubro, aumentou para 34,24%% (100.195 eleitores) na votação de 2º turno. Segundo ele, é preciso “que as pessoas não se acovardem em votar” e que lhe parece que “quem não vota, não teria o direito de reclamar” daqueles que foram eleitos.

Neste contexto Gleuton Brito, ao analisar o debate que existe na sociedade sobre o voto obrigatório ou facultativo, entende que este fator em nada alteraria o sistema da democracia. E analisou que, atualmente, embora o voto seja uma obrigação prevista em lei, “podemos justificar a ausência e isso já é uma faculdade de não votar”. Assim, disse, é uma obrigação relativa e que o eleitor deveria “encarar o voto mais como um direito que como uma obrigação”.

Outro aspecto interessante neste processo, ressalta o juiz eleitoral, é o fato de que o peso do voto é igual para todos, “traz paridade a todos os eleitores, dá igualdade, torna equânime o sistema de captação de votos”. Segundo ele, a decisão de deixar de votar em nada muda o descrédito que quantidade considerável de pessoas têm com a política. E que, em relação ao voto facultativo, “ainda não somos maduros democraticamente, precisamos amadurecer o sistema democrático a cada eleição”. 

IMATURIDADE

Caso o voto fosse facultativo atualmente no Brasil, entende Gleuton Freire, a abstenção seria ainda maior. “Entendo que não dá para abandonar o processo político, deixar de votar e depois reclamar. Me parece que, quem não vota, não teria direito de reclamar. Ou seja, não participa do processo e, depois, quer reclamar de quem foi eleito. É uma situação até infantil, demonstra certa imaturidade, temos que mudar esse conceito”, disse.

Por fim, avalia que é preciso que haja um amadurecimento político do eleitor, do comportamento eleitoral. “No primeiro turno vimos algo grave, mesmo com um trabalho de conscientização que fizemos, o grande derramamento de santinhos às proximidades dos locais de votação. Isso é ofensivo ao eleitor e às pessoas que trabalham na limpeza pública”, comentou o juiz.

Disse ainda que, no início da campanha no segundo turno, esteve pessoalmente com os candidatos Márcio Corrêa e Antônio Gomide. “Coloquei a eles que era necessário que o próximo prefeito tivesse compromisso com a cidadania, a lisura e a seriedade do processo eleitoral. O que a Justiça Eleitoral quer não é punir, mas conscientizar. [...] No segundo turno, após a reunião com os candidatos, surtiu efeito”, concluiu.

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