Geral CENSO 2022

Número de mulheres chefes de domicílio cresce 10% em Goiás

Crescimento da participação feminina como chefe de família reflete mudanças nas dinâmicas familiares em várias cidades do estado

28/10/2024 11h30
Por: Emilly Viana
Foto: Freepik
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O Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira, 25, revelou que 46,7% dos lares em Goiás são chefiados por mulheres. A mudança significa um salto de 10% em relação a 2010, quando o percentual era de 36,7%. No estado, os homens ainda predominam como responsáveis por domicílios, com 53,3%, mas a tendência é de crescimento da participação feminina, especialmente em 38 municípios goianos, onde elas já são maioria.

Em cidades como Nova Aurora (61,2%), Cachoeira de Goiás (61,0%) e Campo Limpo de Goiás (55,9%), as mulheres são a maioria dos chefes de domicílio. O fenômeno é observado em diversos municípios do estado, incluindo outros como Cumari (55,7%), Divinópolis de Goiás (55,1%), Campos Belos (54,8%) e Aragoiânia (54,4%), onde o percentual de mulheres responsáveis também supera o dos homens.

Em Goiânia, o número de domicílios com liderança feminina supera ligeiramente o de homens — 275.006 mulheres, contra 274.493 homens. No entanto, quando comparada a outras capitais brasileiras, Goiânia ocupa a sexta posição com o menor percentual de mulheres como chefes de família.

O Censo também apontou que a maioria dos responsáveis por domicílios em Goiás tem mais de 40 anos. Em 2022, 63,7% dos responsáveis se encontravam nessa faixa etária, um aumento em relação a 2010, quando esse percentual era de 58,1%. O levantamento mostrou que, entre as pessoas mais jovens, a proporção de responsáveis por lares é menor.

Outro dado relevante revelado pelo levantamento é a composição racial dos responsáveis pelos lares. Em 2022, 53,3% dos responsáveis se identificavam como pardos, 35,3% como brancos e 10,9% como pretos. O resultado mostra um aumento no percentual de pessoas que se declaram pardas em comparação a 2010, quando representavam 48% dos chefes de domicílio.

A participação de brancos, por outro lado, diminuiu, passando de 41,9% em 2010 para 35,3% em 2022. As pessoas que se identificam como pretas também registraram crescimento, passando de 8,1% em 2010 para 10,9% no último levantamento. A proporção de responsáveis por domicílios que se declararam amarelos ou indígenas é de 0,5%.

MORADORES

O Censo Demográfico de 2022 também investigou a composição dos lares quanto ao número de moradores. Em Goiás, 49,25% dos domicílios possuem até dois moradores, um indicativo de que os lares menores estão se tornando mais comuns no estado. Do total de domicílios, 29,5% possuem duas pessoas, 23,6% possuem três e 19,7% têm apenas uma pessoa. Houve um crescimento no número de domicílios unipessoais, ou seja, com apenas um morador, em relação a 2010, quando esse tipo de lar representava 13,3% do total.

Além dos domicílios unipessoais, os domicílios do tipo nuclear — aqueles compostos por um casal com ou sem filhos — ainda representam a maioria no estado, correspondendo a 64,29% do total. Domicílios classificados como estendidos, onde há a presença de parentes adicionais, como avós, netos ou outros familiares, somam 14,4% do total. Já os domicílios compostos, que incluem a presença de pessoas que não são parentes do responsável, como agregados ou pensionistas, representam 1,56% do total.

A presença de cônjuges nos lares também passou por mudanças entre 2010 e 2022. O percentual de domicílios onde residia o responsável com um cônjuge de sexo diferente diminuiu de 65,1% em 2010 para 58,0% em 2022. Já a proporção de domicílios onde o responsável vivia com um cônjuge do mesmo sexo aumentou de 0,1% para 0,5% no mesmo período. Houve ainda um crescimento no percentual de domicílios onde o responsável não vivia com cônjuge, subindo de 34,8% para 41,5%.

Em relação à composição familiar por filhos, o Censo mostrou que houve um aumento nos domicílios onde o responsável e seu cônjuge não têm filhos, passando de 17,7% em 2010 para 21,7% em 2022. Por outro lado, o número de lares com filhos de ambos os cônjuges diminuiu, saindo de 38,5% em 2010 para 28,8% no último levantamento.

Homens morrem mais cedo que mulheres

Os homens continuam morrendo em maior número do que as mulheres em Goiás, conforme informações do Censo 2022. O fenômeno, conhecido como sobremortalidade masculina, refere-se à maior quantidade de óbitos entre homens em relação às mulheres em diversas faixas etárias. Entre agosto de 2021 e julho de 2022, foram registrados 43.127 óbitos no estado, sendo 56,6% deles de homens e 43,4% de mulheres.

A sobremortalidade masculina é observada em Goiás desde faixas etárias mais jovens e permanece constante até aproximadamente os 60 anos. O levantamento indicou que para cada 100 mulheres que faleceram no estado, 131 homens perderam a vida. A maior diferença foi notada na faixa de 20 a 24 anos, onde o número de óbitos masculinos é 3,6 vezes maior que o de femininos, com 360 homens mortos para cada 100 mulheres.

O padrão de sobremortalidade masculina é mais evidente nas faixas etárias de 15 a 29 anos, com destaque para os grupos de 20 a 24 anos e de 25 a 29 anos, onde os homens representaram 78,3% e 71,7% dos óbitos, respectivamente. Segundo os pesquisadores, muitos desses casos, as causas de morte estão associadas à exposição a riscos elevados, como acidentes e homicídios, o que explica o desequilíbrio entre os sexos nessa faixa etária.

INVERSÃO

A partir dos 60 anos, a diferença entre os óbitos de homens e mulheres começa a diminuir. Com o avanço da idade, as taxas de mortalidade masculina se estabilizam e, nas idades mais avançadas, a sobremortalidade masculina é revertida. A partir dos 85 anos, o número de óbitos femininos passa a ser maior do que o de homens. Isso ocorre porque as mulheres, em geral, têm maior expectativa de vida e, portanto, compõem uma parcela maior da população nas idades mais avançadas.

Entre os idosos de 85 a 89 anos, as mulheres representam 51,8% dos óbitos. Esse percentual sobe para 56% entre aqueles com 90 a 94 anos e atinge 65,3% nas faixas de 95 anos ou mais. Além de destacar as diferenças entre os sexos, o Censo também mostrou que as taxas de mortalidade masculina são particularmente elevadas nas idades produtivas, entre 35 e 59 anos. Nessa fase da vida, a sobremortalidade masculina ainda é significativa, embora comece a diminuir gradativamente em relação aos grupos mais jovens.

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