Estreante, Hélio não consegue fazer PSDB decolar em Anápolis

Estreante em disputas eleitorais, o advogado Hélio Lopes (PSDB) termina a corrida à Prefeitura de Anápolis na quarta posição, com 4.895 votos. A tentativa dos tucanos locais de darem um novo impulso ao partido que comandou por 20 anos o Estado de Goiás, através de Marconi Perillo, acabou não vingando na eleição municipal deste ano.

Marconi, inclusive, foi o fiador da candidatura de Hélio em Anápolis. Para isso deu o comando do PSDB ao advogado, que ocupou os espaços com seu grupo e deixou alguns nomes da velha guarda descontentes – parte se desfiliou da sigla e parte seguiu no ninho tucano, mas sem engajamento na campanha.

Inclusive, essa articulação pelo comando do PSDB municipal acabou por consumir parte dos esforços de Hélio Lopes, o que atrapalhou a busca por aliados para o seu palanque. Restou ao PSDB o apoio conquistado nacionalmente, ainda em 2022, através da federação com o Cidadania. Mas nem essa parceria de papel passado teve uma relação simples em Anápolis.

O Cidadania tinha um pré-candidato a prefeito, o empresário Michel Roriz, que foi ganhando confiança da cúpula nacional e no meio do processo acabou se tornando presidente estadual do partido. Roriz ocupou os espaços, deu entrevistas e se portou como possível candidato, o que irritou Hélio em determinados momentos e gerou atritos – embora discretos – entre as siglas federadas.

No apagar das luzes das convenções, a paz foi selada e Michel Roriz acabou figurando como candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Hélio Lopes, embora foi perceptível para quem acompanhou o processo de que parecia não haver liga entre os dois nomes.

Hélio Lopes disputou a eleição com o nome de Hélio da Apae, entendendo que a ligação com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais seria um trunfo importante, pois geraria empatia com a entidade que é querida por esmagadora maioria da sociedade, e também serviria de cartão de visita àqueles que não conheciam o candidato.

À frente da presidência da Apae Anápolis, atuando de forma voluntária, Hélio fez um trabalho que colocou a entidade entre as mais importantes do país, com conquistas significativas para as famílias anapolinas. Mas até mesmo pelo caráter apartidário da Apae, havia dificuldade de explorar isso de maneira mais explícita durante a campanha.  

Outro ponto fundamental em uma campanha, as propostas, parecem não ter contribuindo para o engajamento dos eleitores à campanha de Hélio. O plano de governo protocolado pelo tucano na Justiça Eleitoral se encarregou de ser um documento mais teórico, com citações de leis e obviedades como “a saúde é direito de todos e dever do Estado”, do que uma peça que poderia ser aproveitada como marketing, com propostas marcantes para o eleitor.

COMBATIVO

Incansável, Hélio esteve em todos os debates que foi convidado. Combativo até o último minuto, esteve sempredisposto a tratar das questões relacionadas à cidade. Tentou cavar espaços, buscou críticas mais ácidas à atual gestão, mas foi tragado – assim como os outros postulantes – pela polarização entre esquerda e direita na cidade, que ainda é resquício da disputa presidencial de 2022.

Embora tenha recebido recursos da direção nacional – R$ 600 mil do Fundo Eleitoral – Hélio acabou não tendo a participação na sua campanha do ex-governador Marconi Perillo, que prometeu estar nas ruas com o candidato a prefeito, pedindo votos, mas acabou não cumprindo agenda na cidade, nem figurou em materiais de campanha ou apareceu nas propagandas no rádio e televisão.

No início da pré-campanha, quando anunciou que estava disposto a disputar a eleição, Hélio Lopes disse que entrava na política porque já havia consolidado as metas na sua trajetória profissional e encaminhado as questões familiares – ele citava, principalmente, a conquista de ver suas duas filhas formadas em medicina. Resta saber se apesar do resultado deste domingo, ele seguirá nessa nova empreitada, pois pela sua trajetória e perfil, certamente terá muito a acrescentar ao debate público.