Cultura CINE SIBASOLLY

Filme une passado e presente na história sobre ‘anos de chumbo’

Curta-documental, do cineasta Edson Nunes, resgata uma parte crucial da memória da cidade da época ditatorial

04/10/2024 15h30
Por: Redação
O ex-deputado e radialista Romualdo Santillo, o principal entrevistado da obra cinematográfica. Foto: Reprodução
O ex-deputado e radialista Romualdo Santillo, o principal entrevistado da obra cinematográfica. Foto: Reprodução

A estreia do curta-documental “Censura – Uma História Sem Fim”, da Grade 3 Filmes, transformou a noite do dia 27 de setembro de 2024, em Anápolis, em um verdadeiro encontro entre passado e presente. A pequena e charmosa sala do Cine Sibasolly, localizada na histórica Praça Bom Jesus, foi ocupada por uma “comitiva” ávida por testemunhar o resgate de uma parte crucial da memória da cidade. 

Em poucas horas, o espaço sobrelotou, e cadeiras extras foram necessárias para acomodar os convidados que continuavam a chegar. O clima era de expectativa e reverência, como se os fantasmas de uma época sombria estivessem ali, aguardando seu momento de fala.

A plateia era composta por rostos familiares à história política e cultural de Anápolis, além de representantes da imprensa local. Entre eles, a família Santillo, um nome que ecoa nas paredes do documentário. Onaide Santillo, viúva do falecido Adhemar Santillo, sentou-se entre familiares, incluindo seu neto e a família de Romualdo Santillo, o principal entrevistado da obra.

Também se destacavam no evento os filhos do ex-governador Henrique Santillo, que puderam ver seu pai mais uma vez eternizado nas telas em um momento de luta e resistência. Era como se o sangue e a história se fundissem naquela sala, onde o passado ecoava através dos olhares atentos de seus herdeiros e do público em geral.

O filme, do cineasta, jornalista e escritor Edson Nunes, com produção executiva de Eunice Lara, arrancou olhares atentos e silêncios reflexivos. “Censura – Uma História Sem Fim” remonta ao fechamento das rádios Carajá e Santana durante a Ditadura Militar, na década de 1970, em uma Anápolis que, embora distante da capital federal, sentiu o peso das botas e o silêncio imposto pela censura. 

O documentário, de maneira crua e honesta, expôs as cicatrizes que o tempo ainda não curou, e a plateia absorveu cada cena como uma página de um livro que talvez nunca deva ser fechado. Ao final da exibição, o diretor realizou uma explanação do processo de construção do trabalho e toda a equipe envolvida pôde digerir o impacto que o filme causou na plateia. 

Convites para levar o filme às universidades chegaram imediatamente, como uma prova de que a discussão sobre censura e liberdade de expressão é mais urgente do que nunca. Nunes, esclarecendo que o trabalho é apenas uma ponte entre o passado e o futuro, aceitou os convites, ciente de que a obra tem um caminho longo pela frente.

Aquela noite foi mais do que uma estreia – foi uma celebração de memórias, de resistências e de histórias que recusam o apagamento. Um documentário que, embora retrate um tempo distante, ressoa com uma urgência atual, lembrando que as batalhas pela liberdade nunca são apenas histórias do passado.

Contemplado pelo Fundo Municipal de Cultura de Anápolis, “Censura – Uma História Sem Fim” terá uma sequência: “Censura – Uma História Sem Fim 2”, desta vez ampliando o foco para abordar o fechamento de veículos de imprensa e a truculência da Ditadura Militar no segmento no estado de Goiás. O segundo episódio foi premiado pela Lei Paulo Gustavo em 2023, via Prefeitura de Anápolis.

 

FICHA TÉCNICA

Criação, roteiro e direção: Edson Nunes

Produção Executiva: Eunice Lara

Roteirista consultor: Augusto César de Almeida

Assistente de direção: Raphael Fillipe 

Trilha sonora: Bertrand Leal 

Captação de som: Karine Matos

Nenhum comentário
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.