Uma das doenças oculares mais comuns do mundo, a catarata está relacionada a um aumento significativo na probabilidade de desenvolvimento de demência e Alzheimer. Sendo assim, além de recuperar a visão, a cirurgia pode trazer resultados positivos para a saúde cognitiva dos pacientes.
É o que mostra os estudos publicados nas renomadas revistas Nature e JAMA (The Journal of the American Medical Association). A primeira destaca que a perda de acuidade visual, visão de contraste e profundidade — sintomas comuns da catarata — está associada a um aumento significativo de desenvolvimento de demência.
Já a segunda evidenciou que a cirurgia de catarata pode diminuir o risco de demência em até 30% na população idosa. Os pesquisadores observaram que a restauração da visão através do procedimento tem um impacto significativo na preservação das funções cognitivas.
Somente no Brasil a catarata afeta 25% da população com 50 anos ou mais, ou 14 milhões de pessoas, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A médica oftalmologista, Aline Ruilowa de Pinho, do Instituto Panamericano da Visão, reforça que a melhora na percepção visual pode ajudar a manter a mente ativa e reduzir o risco de desenvolvimento de condições como a demência.
“A cirurgia de catarata vai além da simples correção visual. Ela melhora a chegada de luz à retina, o que é crucial para a regulação do relógio biológico e o controle de doenças sistêmicas que podem afetar a cognição”, destacou.
Além disso, ela afirma que essas descobertas oferecem uma perspectiva importante tanto para a prática clínica, quanto para a saúde pública, sugerindo que intervenções precoces para tratar a catarata podem ter benefícios significativos para a saúde cerebral dos idosos.
Comum especialmente em pessoas acima de 60 anos, a catarata é caracterizada pela opacidade da lente natural do olho. A única forma eficaz de tratar a catarata é por meio da cirurgia.
O procedimento consiste na remoção do cristalino opaco e na substituição por uma lente intraocular. É um tratamento seguro, preciso e eficaz, que possibilita a recuperação da visão de forma quase imediata.
Contrariando a crença popular, não é necessário esperar a catarata "amadurecer" para realizar a cirurgia. Quanto mais cedo for feito o procedimento, melhores serão os resultados.
A indicação para a cirurgia geralmente ocorre quando a diminuição da visão afeta a qualidade de vida e as atividades diárias, tornando ineficazes as correções com óculos ou lentes. Durante a cirurgia, utiliza-se um equipamento chamado facoemulsificador, que fragmenta o cristalino em pequenas partes, as quais são aspiradas através de uma caneta especial, por meio de uma incisão pequena.
Após a remoção, uma lente intraocular é implantada, substituindo a lente natural. Essa técnica minimamente invasiva permite uma recuperação rápida e a restauração da visão, devolvendo ao paciente a autonomia em suas atividades cotidianas e contribuindo para sua cognição.