Anápolis tem vivido dias em que a temperatura máxima se aproxima dos 35ºC, juntamente com a baixa umidade do ar e gases poluentes oriundos das queimadas que tomam conta do país. As condições nada agradáveis acabam impedindo que algumas pessoas se exercitem, mas, de acordo com especialistas, é possível fazer atividade física com segurança.
Segundo a doutora em educação física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do curso de educação física da Faculdade Metropolitana de Anápolis (Fama), Izadora Moreira, os melhores horários para a prática esportiva e atividades físicas em geral é são na parte da manhã, até às 8h, e após o pôr do sol, quando há uma redução das temperaturas e menor risco de exposição aos raios UV.
“Quando realizamos exercício físico a temperatura do corpo aumenta, porque durante a contração muscular há um aumento na produção de calor. Uma forma que o corpo tem de controlar a elevação excessiva da temperatura corporal (hipertermia) é através da evaporação do suor. Por isso, precisamos ter alguns cuidados quando praticamos exercício físico em condições ambientais com temperaturas muito elevadas, pois pode aumentar o risco para exaustão física, sobrecarga de trabalho cardíaco, desidratação e lesão muscular”, afirmou.
Em relação a baixa umidade do ar, Izadora explica que apesar de auxiliar na troca térmica por evaporação do suor durante o exercício, por conta das altas temperaturas, acaba causando um ressecamento das vias aéreas o que dificulta o processo de captação de oxigênio durante o exercício, aumentando a percepção de cansaço e redução de desempenho.
“Então, se exercitar em horários em que a temperatura está mais amena e a umidade mais elevada pode facilitar os mecanismos fisiológicos de controle da temperatura corporal, reduzindo o risco de sobrecarga cardíaca e hipertermia, por exemplo”, reforçou.
Justamente por conta dos maiores índices de temperatura e menores índices de umidade do ar, para evitar a exposição de raios UV e ao sol, a escolha por ambientes aclimatados facilitará o controle da temperatura corporal durante o exercício físico. Segundo Izadora, especialmente crianças, gestantes, idosos, pessoas obesas, com problemas respiratórios, diabetes, hipertensão arterial e demais condições cardíacas e metabólicas, devem tomar esses cuidados.
Sobre a exposição aos gases poluentes em razão do aumento das queimadas, a professora afirma que é possível evitar maiores danos, já que o aumento da ventilação respiratória durante o exercício físico pode aumentar essa exposição aos poluentes, de acordo com o estudo feito pelo autor Koehle (2024).
“É importante destacar que o exercício físico é extremamente benéfico à saúde, mesmo em condições de poluição moderada, e podemos tomar alguns cuidados para reduzir os riscos relacionados às alterações ambientais. O uso de máscara, por exemplo, em locais com maiores índices de ozônio, é sugerido durante a prática de exercício. Exercitar-se em áreas com menor tráfego de carros também parece ser importante para reduzir a exposição aos poluentes”, destacou.
No que se refere ao período quente, Izadora reforça que a atenção precisa ser redobrada com a hidratação, uso de protetor solar, controle da frequência cardíaca, além do acompanhamento das percepções de fadiga muscular, alimentação, intensidade e tempo do exercício. Pensar em vestimentas mais frescas também é uma boa dica.
“Interrompa o exercício se observar sintomas como náuseas, tontura, elevação excessiva da pressão arterial, pois isso pode aumentar o trabalho cardíaco. Observe os sinais de exaustão muscular para controle do volume e intensidade do treino. Além disso, observe também a cor da urina após o exercício, isso pode auxiliar na compreensão da desidratação”, disse.
“Outra possibilidade é comparar o peso corporal antes e depois do treino, para verificar a quantidade de líquido corporal perdido durante o exercício, o que pode auxiliar na reposição após o treino. Por fim, observar a produção de coriza e as condições da via área para que sejam tomadas medidas de cuidado nasal para reduzir o risco de infecção do trato respiratório”, completou Izadora.