A depressão tem várias causas e sintomas e, no mês de prevenção ao suicídio, a importância de se entender cada um deles é ainda mais evidenciada. Entre os vários fatores que podem desencadear ou agravar o problema, os desequilíbrios hormonais merecem destaque.
De acordo com a endocrinologista e consultora médica do Sabin Diagnóstico e Saúde, Larissa Figueiredo, essas substâncias químicas afetam diretamente o funcionamento do corpo e, quando desreguladas, podem causar estresse, tristeza, fadiga e irritabilidade.
"Os hormônios são importantes para todas as funções corporais. Eles são os mensageiros químicos que coordenam os diversos processos metabólicos que ocorrem no corpo ao longo do dia e existem em um equilíbrio delicado. É importante entender que cada hormônio no corpo tem um nível ideal para manter o equilíbrio hormonal", afirma.
Um órgão fundamental neste tema é a tireoide, localizada na parte anterior do pescoço, responsável pela produção de hormônios como o T3 (triiodotironina) e o T4 (tiroxina), que regulam o funcionamento de órgãos vitais, como coração, fígado, rins e cérebro. Dois distúrbios conhecidos do órgão são o hipertireoidismo (produção excessiva de hormônios) e o hipotireoidismo (produção reduzida), que podem ser tratados com reposição hormonal.
"Ambos os distúrbios causam efeitos cognitivos, alguns sintomas, inclusive, similares aos da depressão. É o caso de alteração no sono, aumento de peso, desânimo, cansaço e fraqueza, causados pelo hipotireoidismo. Já o hipertireoidismo causa irritabilidade, ansiedade, taquicardia, dentre outros que também podem afetar o emocional do paciente", explica a especialista.
Outro hormônio para o qual é preciso ter atenção é o cortisol. A substância pertence à família dos esteróides e é produzida pelas glândulas suprarrenais (acima dos rins), sendo responsável, por exemplo, por mediar a resposta ao estresse, regular o metabolismo e a resposta inflamatória do corpo. Quando desregulado, especialmente em situações de estresse prolongado, o cortisol pode causar problemas como insônia, depressão, fibromialgia, fadiga crônica, aumento do risco de doenças cardiovasculares e baixa imunidade.
"Vale dizer que, em pessoas com depressão, os níveis de cortisol costumam ser mais altos e o tratamento foca no manejo do estresse e mudanças no estilo de vida ", esclarece Larissa Figueiredo.
A principal orientação para investigar distúrbios em hormônios tireoidianos ou do cortisol é procurar um profissional endocrinologista. O médico poderá solicitar exames que auxiliem no diagnóstico para desequilíbrios na produção dos hormônios para confirmar ou descartar a hipótese.
Bioquímica e especialista em análises clínicas do Sabin, Gélida Pessoa diz que há uma série de exames para essa finalidade, mas os mais comuns incluem a dosagem do TSH e a medição dos hormônios da tireoide (T3 e T4, total e livre). O hormônio TSH é produzido pela glândula hipófise (localizada no cérebro) e estimula a tireoide a produzir os demais hormônios. Uma coleta de sangue permite analisar os níveis de cada um deles.
"A dosagem do TSH, juntamente com os demais hormônios (T3 e T4 total e livre), é útil para diagnosticar doenças como hipotireoidismo e hipertireoidismo. Além disso, são importantes para monitorar o tratamento dessas doenças, avaliar a eficácia da terapia de reposição hormonal em pacientes com hipotireoidismo, e detectar a recorrência do câncer de tireoide", explica a profissional.
Já a verificação dos níveis de cortisol tem mais de um procedimento possível. O exame de cortisol salivar "avalia a quantidade de cortisol na saliva, coletada diretamente da boca do paciente", diz a bioquímica. O teste também pode ser feito com uma amostra de sangue coletada em laboratório ou por meio da análise da urina.