Iniciou-se nesta quarta-feira (28) o julgamento do empresário Christiano Mamedio da Silva, acusado de dirigir embriagado e matar o adolescente Emanuel Felipe Pires, de 15 anos, e Eurípedes Tomé, de 26. Esta é a primeira vez que um crime de trânsito em Goiás foi classificado como doloso, quando há intenção ou se assume o risco de matar, o que possibilita a instauração do Júri Popular.
O crime aconteceu no dia 03 de outubro de 2020, na Avenida Brasil Sul. Segundo as investigações, ele furou o sinal vermelho, sob efeito de álcool, quando atingiu uma caminhonete com as vítimas. Meses antes da ocorrência, o réu já havia sido preso por embriaguez ao volante, mas foi liberado após o pagamento de fiança.
Para o Ministério Público de Goiás (MPGO), Christiano, que assumiu ter bebido na ocasião, de forma livre e consciente, foi o responsável pelo resultado trágico. Nesta quarta, diante do júri, ele deu sua versão dos fatos, afirmou não ter qualquer tipo de vício e que, no dia do fato em questão, a F-4000, que estava carregada com tijolos, o surpreendeu na via. Disse ainda que não bebeu e que os policiais “não falaram nada sobre teste de bafômetro”.
“Foi uma manhã, dia 03 de outubro, estava na casa da namorada, aí peguei minha caminhonete, peguei a BR e da BR eu segui até o trevo do Daia, contornei o trevo do Daia e comecei a descer a Avenida Brasil. Começando a descer a Avenida Brasil, teve que ter o primeiro sinaleiro, que eu passei, aí teve o segundo sinaleiro e, no segundo sinaleiro, quando eu vinha descendo, o caminhão me surpreendeu, foi quando eu tentei tirar a caminhonete, aí houve a colisão”, disse.
“Aí bateu no caminhão, o caminhão tombou. Aí eu fiquei em choque, agoniado, não sabia o que estava acontecendo, não imaginava tal coisa. Fiquei abalado, em choque, tremendo. Foi quando eu desci da caminhonete, peguei o celular, fui ligar para as pessoas, fui ligar para os meus pais, ligar para amigos, perguntei o motorista do caminhão se ele estava bem ou não e fui procurar ligar também para o Samu, para poder prestar socorro”, completou.
No julgamento, Christiano optou por não responder às perguntas dos advogados de acusação, somente os questionamentos feitos pelos advogados de defesa. O delegado Manoel Vanderic Filho, titular da Delegacia Especializada em Investigação de Crime de Trânsito (Dict), estava entre as testemunhas de acusação.
Mamedio responde pelos crimes de embriaguez ao volante, lesão corporal dolosa e homicídio doloso, quando há a intenção ou se assume o risco de matar. Segundo ele, no dia do fato julgado, não havia ingerido bebida alcoólica, tampouco avançou o sinal vermelho.
“Não, eu não tinha bebido ou usado nada de bebida alcoólica. No momento da colisão, eu creio que eu estava em uma velocidade de uns 80 km por hora. Não cheguei a invadir o sinal vermelho. Jamais quis esse resultado, foi uma fatalidade, fiquei agoniado, fiquei em choque, fiquei tremendo, emocionado ali. Tinha hora que não saía nem em voz da minha boca. A agonia tomou conta de mim, eu fiquei totalmente abalado”, reafirmou.
“Eu entendo o sofrimento por parte da mãe, sei que é muito triste. Eu jamais queria que esse resultado acontecesse. Peço desculpa, perdão, sei que isso aí não vai voltar atrás, mas que Deus conforte. Eu jamais queria fazer tal resultado, isso aí nunca foi uma coisa que eu fiz na minha vida e eu nunca quis fazer isso, passar isso para ninguém. Eu nunca fiz mal para ninguém, sou uma pessoa honesta, trabalhadora e jamais queria que tal resultado, morte, pudesse ocorrer. É só isso que eu queria demonstrar, falar para vocês. Obrigado, excelência.”