De acordo o Ministério da Saúde, a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida reduz em até 63% as internações hospitalares por doenças respiratórias, como pneumonia, bronquiolite e gripes. Em virtude dos benefícios, o mês de agosto ganha a cor dourada para destacar o padrão ouro de qualidade do leite materno.
O leite materno evita doenças, porque contém imunoglobulina A, proteína que age na proteção das mucosas do sistema respiratório do bebê, contendo a progressão de infecções, além de reduzir a exposição e a absorção intestinal de alergênicos responsáveis pelas doenças respiratórias. A pediatra Larissa Lucena destaca que o aleitamento materno é benéfico tanto para o bebê quanto para a mãe. “No pós-parto imediato a amamentação é muito importante para a mãe porque o mesmo hormônio que ejeta o leite na boquinha do bebê é o mesmo hormônio que faz o útero contrair. O útero contraindo vai prevenir infecções, vai prevenir sangramento, vai fazer com que o corpo da mãe volte ao normal mais rápido, porque a barriga vai desinchar mais rápido", explica.
Segundo a médica, para o bebê, o momento representa um "boom de anticorpos". "Por isso que a gente pede que a amamentação seja iniciada na primeira hora de vida, porque isso vai auxiliar muito na proteção que o bebê recebe de anticorpos prontos. É aquela proteção imediata para ele que ainda não recebeu nenhuma vacina e está totalmente vulnerável”, aponta a especialista do centro clínico do Órion Complex, de Goiânia.
Contudo, nem todas as mulheres têm facilidade em amamentar. “Todo mundo acredita que a amamentação é simples, que é só colocar o bebê no seio e vai dar tudo certo, mas não. A mãe tem que saber posicionar o bebê corretamente, tem a forma com que ele pega no seio, na aréola, tem que ter um ensinamento da mãe e é importante que essas orientações sejam feitas ainda no pré-natal, por isso que é importante que no pré-natal a mãe passe com uma pediatra também para fazer essas orientações em relação à mamada”, orienta a especialista.
“A fonoaudióloga na primeira semana de vida do bebê é muito importante, porque ela vai auxiliar nesse posicionamento correto do bebê no seio, ele precisa conseguir abocanhar o máximo possível da aréola da mãe e não só do bico”, completa.
Outras dificuldades
Larissa Lucena explica ainda sobre outras dificuldades que o recém-nascido pode apresentar para mamar. “Outra coisa que pode dificultar o bebê fazer essa pega correta é a linguinha presa, por isso também na primeira semana de vida tem que ter avaliação da fono, se ela acreditar no exame físico dela que o bebê tem necessidade de fazer uma frenectomia, que é aquele cortezinho debaixo da língua, tem que ser direcionado para uma odontopediatra que vai fazer esse tratamento, o cortezinho para o bebê conseguir fazer a pega correta ao mamar”, pontua.
Alguns bebês precisam de translactação ou relactação, são técnicas semelhantes nas quais se utiliza uma sonda próxima ao mamilo para conduzir o leite de um recipiente para a boca do bebê. A diferença é que na translactação se usa o leite materno e na relactação utiliza-se o leite artificial. Ambas situações são formas de se estimular a sucção mamilar por parte do bebê até que o leite materno seja produzido de forma satisfatória ou até o bebe “aprender” o processo de sucção.
“O bebezinho é colocado para fazer a pega no seio da mãe, só que o leite em vez de sair do mamilo vai sair através de uma sonda. A gente indica para o bebê estimular o máximo possível a sucção no seio da mãe. Se a gente quer estimular que o seio produza novamente leite ou aumente a quantidade, a gente precisa fazer com que o bebê sugue”, destaca a médica.
Volta ao trabalho
Muitas pessoas ainda acreditam que as mães que vão retornar ao trabalho precisam desmamar ou antecipar a introdução alimentar. Porém, a pediatra Larissa Lucena ressalta que tudo não passa de mitos.
“Quando a mãe for voltar ao trabalho ela tem que se preparar para ordenhar e deixar o leite para o bebê ou iniciar a fórmula, ela tem que fazer uma consulta com o pediatra para ser orientada. A introdução alimentar antecipada nunca é orientada, em hipótese alguma", orienta a especialisa.
"A gente só começa a introdução alimentar quando o bebê tem seis meses e os sinais de prontidão: precisa sustentar a cabeça, sentar com o mínimo de apoio, segurar objetos na mão e levar até a boca, isso reduz as chances de engasgo. Outra coisa que reduz também são os índices de alergias alimentares por introdução precoce de alimento”, afirma.
Sobre desmamar em razão do bebê já estar maior, a pediatra ressalta que também é um grande equívoco. “A Sociedade Brasileira de Pediatria indica que a amamentação seja feita até os dois anos ou até quando a mãe quiser. A amamentação tem que ser prazerosa pra mãe e pro bebê. Se ela está sendo prazerosa e não está gerando nenhum prejuízo, a criança não deixa de comer pra mamar, não tem porque ser retirado. E o leite materno continua tendo os seus benefícios, várias vitaminas, anticorpos, que ainda auxiliam o filho, independente da idade”, afirma Larissa Lucena.