O Ministério de Portos e Aeroportos anunciou a federalização do Aeroporto de Cargas de Anápolis. A Portaria 344, de 26 de julho de 2024, assinada pelo ministro Silvio Costa Filho, autoriza a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) a administrar, operar e explorar o terminal que há anos vem passando por obras, mas que nunca entrou em operação.
Com a consolidação do Aeroporto de Cargas, Anápolis completa o modal que faltava para se tornar efetivamente um dos principais centros logísticos do país, já que a cidade já é cortada por rodovias federais de grande circulação e, também, por linhas férreas que fazem ligação com portos em extremos do território nacional.
O entendimento é que a transferência do terminal anapolino para a Infraero faz com que ele passe a ter relevância nacional. A partir da publicação da Portaria 344 no Diário Oficial da União, a transição operacional do Aeroporto de Cargas de Anápolis do Estado de Goiás para a Infraero deve ser concluída no prazo de até 120 dias.
O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) esteve à frente de reuniões em Brasília visando a federalização do aeroporto de Anápolis. Para o governo estadual, o objetivo principal da federalização é “criar um modal de logística sem precedentes em Goiás, uma vez que a estatal possui décadas de expertise na administração e desenvolvimento de grandes aeroportos em todo o Brasil”.
Segundo o Governo de Goiás, atualmente o aeroporto possui uma pista operacional de 1.245 metros de comprimento por 45 metros de largura, capaz de receber aeronaves de médio porte. Com a federalização será possível ampliar esse perfil, já que será feita a homologação de uma nova pista de 3 mil metros de comprimento por 45 metros de largura para receber aeronaves cargueiras.
Em entrevista à Rádio Manchester, nesta quarta-feira, 31, o senador Jorge Kajuru (PSB), que trabalhou na articulação para a conquista da federalização do Aeroporto de Cargas, chamou o terminal de “elefante branco”, devido ao fato de a estrutura ter consumido milhões em recursos públicos e não ter nunca saído do papel. Segundo ele, a partir desse repasse à Infraero, as coisas vão começar a acontecer de fato.
Kajuru comentou que é prazeroso ver na política as pessoas que têm palavra, se referindo à promessa feita a ele pelo presidente Lula (PT) de federalização do Aeroporto de Cargas de Anápolis. “O presidente Lula cumpriu a palavra comigo, em uma reunião que foi feita em abril do ano passado, quando eu fui fazer esse pedido a ele”.
O senador explicou que houve atraso na federalização porque o Ministério de Portos e Aeroportos teve troca de titular, com a saída de Márcio França e a entrada de Silvio Costa Filho. “Mas essa obra de milhões, agora em operação, trará bilhões para a cidade de Anápolis”, completou Kajuru.
O senador revelou que deve estar em Anápolis, no mês de agosto, com representantes do governo federal e da Infraero, para detalhar todo o processo de federalização do terminal de cargas. Kajuru citou o vereador Jakson Charles (PSB), que é do seu partido, como um dos políticos locais que contribuíram para a efetivação de um destino para o aeroporto anapolino.
“Meu líder da Câmara Municipal, vereador Jakson Charles, que faz parte dessa conquista, conversando com o prefeito Roberto Naves e com demais secretários, formularam dúvidas que tinham e eu enviei ao ministro e presidente da Infraero. Elas serão sanadas em breve”, comentou o senador.
Kajuru disse que fez reunião com 12 importantes empresários anapolinos e todos ressaltaram a ele a importância da efetivação do Aeroporto de Cargas para um novo impulso na economia da cidade. O senador comentou ainda que se a federalização não ocorresse, haveria algumas perdas irreparáveis para Anápolis, como a central de distribuição dos Correios.
“Se não conseguíssemos colocar a Infraero tomando conta, os Correios iriam para o Rio Grande do Norte mesmo. Não tendo o aeroporto, eu perderia o jogo. Por isso insisti com o ministro, fui três vezes falar com ele, almocei no sábado com ele, e pedi para que a portaria fosse assinada nas proximidades do aniversário de Anápolis”, disse o senador.
CÁLCULOS
Em maio de 2023, uma comitiva do governo de Goiás, liderada pelo governador Ronaldo Caiado, foi a Brasília e pediu ao então ministro Márcio França que a Infraero assumisse o Aeroporto de Cargas. À época, o governo estadual já calculava que teria de aportar, pelo menos, de R$ 50 milhões a R$ 70 milhões para deixar a estrutura minimamente adequada antes de eventualmente repassá-la à União. Além dos R$ 237 milhões já gastos, o Estado estima em, pelo menos, mais R$ 180 milhões o recurso necessário a ser investido para dar condições mínimas de operabilidade à estrutura.
Ainda no ano passado o Governo de Goiás iniciou obra de um canal de drenagem, orçado em R$ 20 milhões, no aeroporto. A Goinfra detalhou à época que ainda faltavam os canais de drenagem laterais, além do que seriam R$ 200 milhões para ligar com a pista do Daia, terminar o sítio aeroportuário, colocar os terminais e arrumar os defeitos da pista.
Além de criar um canal de escoamento que suporte a água das chuvas e a preparação do ponto do Ribeirão Extrema que receberá esse volume, o projeto indicava cobertura vegetal nas laterais da pista e recuperação da voçoroca que vem comprometendo a cabeceira. Imagens que constam no projeto da Goinfra retratam o quanto a erosão aumentou de 2019 para 2021, o que demonstra que houve falha grave no projeto original ao não se preocupar com a drenagem em uma obra executada pela gestão passada. A obra do Aeroporto de Cargas começou ainda no governo de Marconi Perillo (PSDB) e já consumiu cerca de R$ 350 milhões, mas jamais entrou em operação.