O pré-candidato a prefeito Antônio Gomide (PT) foi o entrevistado da Rádio Manchester desta quinta-feira, 25. Ele falou principalmente sobre saúde e finanças públicas na conversa que teve com Serleyser Araújo, Lucivan Machado e Carlos Roberto. Confira os pontos mais importantes.
Por que você quer voltar ser prefeito de Anápolis?
Tive a oportunidade de ser prefeito por duas vezes em Anápolis. E nesse momento estamos colocando nosso nome para poder servir mais uma vez a nossa cidade. Entendo que a forma de poder melhorar a vida das pessoas é contar com a nossa experiência, com a nossa capacidade de gestão, com o conhecimento que nós temos hoje. Contribuir com a cidade é contribuir com as pessoas.
O que o senhor pretende para a saúde pública?
Ah, muita coisa. É o clamor da cidade. Nós vamos, obviamente, apresentar o programa de governo na hora certa, vamos apresentar na televisão a partir da campanha, mas aqui já colocamos alguns pontos importantes. Primeiro, nós precisamos devolver a saúde pública para a cidade. E saúde pública é a prefeitura assumir a responsabilidade do Sistema Único de Saúde. Precisamos pegar aquilo que era o Cais Progresso e virou Hospital Alfredo Abrahão e abrir aquela porta lá. Abrir a porta para todos. Aquilo lá precisa ser um hospital 24 horas. Estou falando aqui uma coisa concreta. Temos a região do Recanto do Sol, com mais de 18 bairros e 50 mil pessoas: precisamos construir ali uma UPA para poder ter uma unidade 24 horas, portas abertas. Precisamos ali na região do Bairro de Lourdes, ali no Parque Brasília, Filostro Machado, Tropical, Tesouro – ali precisa de outra UPA. Então nesses quatro anos a gente precisa construir duas UPAs 24 horas de portas abertas.
Hoje temos pacientes sendo regulados para outras cidades. O senhor pretende fazer o que?
Dialogar com o Estado e dizer para ele que não podemos cometer injustiças, de pessoas que estão na cidade de Anápolis ter que ir para Uruaçu. Esse é um diálogo que precisamos ter como autoridade. Dizer que estamos na cidade de Anápolis e não em uma cidade de 2 mil habitantes. Porque Goiânia, Aparecida e Anápolis são grandes centros reguladores de todo o Estado, de todas as vagas. Anápolis precisa ser respeitada, ser ouvida sobre que jeito será equacionada essa questão. Hoje estamos pagando empresas privadas, chamadas de Organizações Sociais, com dinheiro do Fundo Municipal da Saúde.
O senhor é contra OS?
Não sou contra OS, claro que não. Por exemplo, eu sou contra aquela OS que está no Alfredo Abrahão, porque aquilo lá faz pouco trabalho e recebe muito. Então as OSs que trabalham sério nós vamos cumprir o contrato e vamos fiscalizar. Agora aquelas que não prestam, vamos tirar de Anápolis. Aquelas que estão tirando dinheiro da cidade.
Uma das justificativas para a contratação de OS nessas unidades era a dificuldade que se tinha dentro do processo burocrático que o serviço público exige, na contratação de médicos, como no passado, a falta de pediatras. Como o senhor vê essa justificativa?
Eu concordo. Eu acho que temos algumas especialidades que realmente faltam mesmo. Eu me lembro da pediatria, o tanto que era difícil conseguir esse profissional. Acredito nisso e essa discussão é extremamente pertinente, agora isso é uma exceção. A regra na verdade é o concurso público, a regra é o secretário ou secretária assumir a postura de gestão e pensar a cidade como um todo. Ela não pode transferir os problemas que ela tem para uma entidade.
Natal de Coração, Arraiana e Força Tática, que foram implantados nesse governo, o que o senhor diz?
Não foram implantados nesse governo. Natal de Coração... quando entramos na prefeitura...
Mas era de forma diferente.
Não, da mesma forma.
Tudo bem. O senhor permanece com eles?
São programas que deram continuidade. O Força Tática veio de onde? Do Banco de Horas que nós criamos. É uma continuidade. Anápolis não precisa ficar pensando, “olha, descobri a América”. Já está andando há muito tempo, precisamos de ajudar a cidade.
E o Arraiana?
O Arraiana é uma grande festa. Nós fazemos a festa do aniversário da cidade, coloca o nome. Antigamente não chamava era Faiana? Depois virou Arraiana. Nós que somos velhos de Anápolis sabemos. Nós queremos é colaborar. Não queremos dizer que somos inéditos. Queremos somar e dizer que isso é bom para a cidade. E aquilo que é bom fica. Para mim é melhorar a cidade. Não temos vaidade em poder dizer que isso é meu, isso é do outro. A cidade precisa crescer e a gente precisa pensar no coletivo, não é no individual.
Qual seria no seu planejamento o ponto que realmente preocupa e será mais difícil a execução?
Eu acho que o que precisamos hoje aqui é aproveitar o período eleitoral, sabendo do problema da saúde, da educação, da limpeza da cidade, da autoestima, ter um cuidado especial, pois Anápolis está endividada e está perdendo recursos nesse momento. Por isso o anapolino precisa saber da gravidade da situação que estamos hoje para escolher o próximo prefeito, o futuro da nossa cidade.
O município está quebrado?
Muito. Nesses últimos oito anos, o Coíndice, que define o repasse do ICMS do Estado para o município, aquele bolo de 25%. Se você pegar de 2016 até 2022, saiu de 8.27 para agora, em 2023, para 4.6. Quando a gente estava na prefeitura, o Coíndice era o segundo do Estado. Hoje estamos em quarto e indo para o quinto [lugar]. Perdemos para Rio Verde, Aparecida e estamos disputando o Coíndice com Senador Canedo.
Por quê?
Porque a prefeitura não faz o trabalho dela junto ao Estado para poder acompanhar a transferência para saber quanto Anápolis participa desse bolo. Esse trabalho precisa ser feito de forma diária, daquilo que a cidade está produzindo, o faturamento, junto ao Estado. Precisamos de um prefeito, de um secretário da Fazenda que possa acompanhar isso. Nesses últimos quatro anos nós perdemos mais de R$ 400 milhões. Pulamos de um índice de 8.27 para 4. Ou seja, perdemos 50% da maior receita que o município tem, que chama ICMS. Outra questão importantíssima e estou pegando dados do quadrimestre que foi apresentado agora na Câmara Municipal. No ano passado a prefeitura fechou o ano com déficit de R$ 200 milhões. A despesa é maior do que a receita. Nesse quadrimestre agora, o resultado já tem um déficit nesse ano de 2024 de R$ 60 milhões. Pensa se você fizer isso na sua casa, se vai dar certo no final do ano? E a dívida? Pulamos de 2022 para 2023, de uma dívida de R$ 266 milhões para R$ 497 milhões. Ou seja, de 2022 para 2023, aumentou em 86,53% a dívida. Esses são os dados que o prefeito apresentou.
Alguns pré-candidatos tem tido uma proposta um pouco mais raivosa ao tratar do debate público. Como o senhor vê essa campanha?
A cidade quer paz. Eu não tenho dúvida disso. A cidade quer normalidade, a cidade quer estar bem. A cidade quer voltar a ser feliz. Essa é a grande chance de podermos escolher um bom prefeito, e podermos voltar à normalidade da cidade. Nós queremos dialogar, independentemente se é católico, se é evangélico, se é espírita, se torce para a Rubra, se torce para o Galo... É isso, queremos conversar com todos que são diferentes. Não tenho dificuldade em dialogar com todos.