Anápolis 26 DE JULHO

Os significados da data e a devoção dos anapolinos por Nossa Senhora Sant'Ana, avó de Jesus

Historiador e líderes da comunidade católica relembram história e legado da padroeira de Anápolis

26/07/2024 10h00
Por: Lucas Tavares
Foto: Prefeitura de Anápolis
Foto: Prefeitura de Anápolis

Quase todo anapolino já ouviu, pelo menos uma vez, a história de dona Ana das Dores de Almeida e a sua devoção por Sant’Ana. Fato que inspirou seu filho, Gomes de Souza Ramos a construir uma pequena capela em homenagem à santa, mãe de Maria e avó de Jesus.

Não só em Anápolis, mas em todos os cantos do país, no dia 26 de julho é celebrado o dia de Nossa Senhora Sant'Ana, considerada a protetora dos mestres. A data remete ainda ao dia dos avós, em referência à santa padroeira dos goianos e a São Joaquim.

Em entrevista ao DM Anápolis, o historiador e presidente do Instituto de Patrimônio Histórico e Cultural Professor Jan Magalinski, Jairo Alves Leite, falou sobre o que liga a origem da cidade a este lado religioso, lembrando que “Ana” e “Pólis” significam “a Cidade de Ana”.

“É uma homenagem a Santa Ana, que é a mãe de Maria, que é a nossa padroeira do estado de Goiás e avó de Jesus. Como tinha um córrego aqui, o Córrego das Antas, a primeira capela recebe o nome conjuntamente com a imagem de Dona Ana das Dores, que era a imagem de Santa Ana com a menina Maria”, explicou.

A obra de arte encontrada, segundo ele, foi esculpida na madeira pelo histórico artista goiano José Joaquim da Veiga Valle. “Eu costumo falar para meus alunos quando vão visitar o museu: a santa, ela é a padroeira dos mestres e também os avós, uma homenagem, porque o dia 26 de julho é o dia dos avós, é o dia de Santa Ana e São Joaquim”, reforçou.

As histórias referentes às origens de Anápolis reforçam ainda mais a devoção dos católicos anapolinos por Sant'Ana. Foi justamente ao redor daquela igreja, hoje Paróquia Sant’Ana, que o município começou a se formar.

Ao DM, Frei Wanderley Carvalho do Couto, pároco da referida igreja, falou sobre a importância deste nome para os cristãos. “Sant’Ana e São Joaquim, pais de Nossa Senhora, estão no escrito apócrifo Evangelho de Tiago, relato que ela era idosa e estéril e que soube, com fé e esperança em Deus, cooperar com a história da salvação. Concebeu e deu à luz Maria, a mãe do Salvador”, disse.

Segundo ele, a data de 26 de julho se fixou com o tempo para celebrar a importância histórica e devocional da padroeira de Anápolis e Goiás. “Toca nos sentimentos genuínos da cidade e do estado, celebrando o dia de todos os avós com bênçãos especiais”, completou.

Nesta sexta-feira, às 6h, aconteceu a alvorada festiva, com a presença de bandas, queima de fogos e café comunitário, para celebrar a data. Logo em seguida, às 7h e às 11h, foi a vez das missas na Matriz. Às 17h, os fieis fazem procissão até a Catedral. A missa solene será às 18h, na Matriz.

 

Legado

De acordo com o padre Gilberto Marques de Araújo Júnior, vigário da Paróquia São Pedro e São Paulo, em Anápolis, Sant'Ana e São Joaquim tiveram uma participação muito importante na vinda de Jesus ao mundo e devem ser lembrados por isso.

“Embora São Joaquim e Sant’Ana fossem um casal estéril, milagrosamente eles conceberam e deram à luz a Maria Santíssima, que viria a ser a mãe do Salvador. Esse foi um grandioso milagre da natureza: a geração da vida por um casal sabidamente infértil”, conta.

“Mas o milagre maior foi o que Deus realizou no ventre de Sant'Ana, criando Maria como um ser santíssimo e perfeitíssimo desde o primeiro momento da sua concepção. Esse milagre é chamado de "Imaculada Conceição", completou o padre.

Sant’Ana, segundo ele, remete a família e, consequentemente, ao amor. “Como cada um de nós, Jesus recebeu suas características físicas - a herança genética - dos seus pais e dos seus avós e, mais importante que isso, foram eles que educaram aquela que se tornaria a mãe e educadora do Salvador”, reforçou.

Padre Gilberto ainda destaca o lado “educacional” que a padroeira traz aos pais, professores, catequistas e formadores e define esta característica como “um modelo admirável”.

“A educação que recebemos dos nossos pais reflete, de um certo modo, o que eles aprenderam com os nossos avós. Além disso, muitos de nós tivemos a oportunidade de conviver com ao menos alguns de nossos avós e de aprender muito com seus ensinamentos e, principalmente, com os seus exemplos”, concluiu.

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