O Governo de Goiás deu início a uma série de operações para combater a lavagem de dinheiro em postos de combustíveis que servem de fachada para facções criminosas. O anúncio foi feito pelo governador Robaldo Caiado (União Brasil) durante o Congresso do Conselho Nacional dos Comandantes Gerais (CNCG) das Polícias Militares do Brasil, realizado nesta quinta-feira (25) na capital goiana.
"Estamos adotando medidas firmes para impedir a lavagem de dinheiro em nosso estado. Infelizmente, encontramos esse tipo de atividade ilícita em diversas áreas, como Organizações Sociais (OS), coleta de lixo e transporte público. Precisamos agir com determinação", afirmou Caiado em seu discurso.
O governador também aproveitou o evento para destacar as ações da Polícia Militar (PM) no combate ao narcotráfico e na repressão às facções criminosas. O congresso reuniu cerca de 800 militares de diversas partes do Brasil, além de representantes da Polícia Federal (PF).
Entre os participantes estavam os comandantes gerais da PM de 17 estados, incluindo Amapá, Pernambuco e Alagoas, regiões que apresentam os maiores índices de violência do país, conforme o Anuário de Segurança Pública de 2024.
"Foi uma oportunidade valiosa para compartilhar experiências. Mostramos aos colegas coronéis como Goiás conseguiu reduzir índices de criminalidade que antes eram superiores à média nacional em 2016, alcançando padrões comparáveis aos de países da OCDE. Também estamos abertos a aprender com as estratégias bem-sucedidas deles", destacou Caiado.
Caiado explicou que Goiás se tornou referência nacional em segurança pública graças ao controle rigoroso das penitenciárias, que são frequentemente centros de operação das facções, e à criação de unidades especializadas como o Batalhão Maria da Penha. A cooperação estreita com outras forças de segurança, incluindo a Polícia Civil (PC) e a Polícia Federal, fortaleceu ainda mais o combate ao crime organizado no estado.
No entanto, o governador expressou frustração com a falta de apoio financeiro do governo federal. Ele ressaltou que a Polícia Militar de Goiás enfrenta crimes de competência federal, como o garimpo ilegal e o tráfico de drogas, sem receber o devido reconhecimento e suporte do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Caiado também alertou os comandantes presentes sobre a emenda constitucional do Sistema Único de Segurança Pública (Susp). A proposta do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, visa dar à União a coordenação do Susp, criado em 2018, mas ainda não totalmente implementado.
"Investimos R$ 17 bilhões em segurança pública em Goiás e a contribuição federal é inferior a 1%. Isso é inaceitável. O Governo Federal está mais interessado em interferir na rotina das nossas polícias do que em fortalecer a inteligência e liberar o Coaf para rastrear a origem do dinheiro ilícito", concluiu Caiado.