Um levantamento nacional realizado pela Fundação do Câncer e divulgado no início da segunda quinzena de maio mostra que o tabagismo é responsável por cerca de 85% dos óbitos por câncer de pulmão entre homens e aproximadamente 80% das mortes pelo problema em mulheres.
De acordo com o relatório “Câncer de Pulmão no Brasil: por dentro dos números”, publicado pela entidade, fumar, em suas diversas formas, é o principal fator de risco para essa neoplasia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo mata 8 milhões de pessoas em todo o mundo e aumenta as chances de incidência de doenças graves.
A médica oncologista clínica Larissa de Alencastro Curado alerta que o cigarro não é responsável apenas por tumores de pulmão, mas também se associa ao câncer de boca, faringe, laringe, traqueia, rim, bexiga, estômago e esôfago.
A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é de que, apenas em 2024, surjam mais de 32 mil casos novos de câncer de pulmão no País, sendo 18 mil entre homens e 14 mil entre mulheres. Em 2022, 29 mil mortes foram provocadas pela doença.
Para o levantamento da Fundação do Câncer foram analisados dados de morbidade de 45.811 pacientes, sendo 25.568 homens e 20.243 mulheres, todos catalogados no Integrador de Registros Hospitalares de Câncer (IRHC) no período de 2016 a 2020.
Foram avaliados pacientes com “tumores malignos primários da traqueia, brônquios e pulmões”, incluindo-se variáveis como faixa etária (até 39 anos, 40 a 59 anos, acima de 60 anos), cor da pele e escolaridade.
“Por isso, parar de fumar é extremamente importante para redução de riscos de câncer e de outras doenças tabaco-relacionadas”, comenta. “Caso seja necessário, a pessoa pode e deve buscar o auxílio de um profissional na jornada de abandono do vício”, incentiva a oncologista.
Cigarro eletrônicos
Entre o público jovem que pode reativar o ciclo, o principal perigo são os cigarros eletrônicos, que ganharam popularidade nos últimos anos. “Esses produtos, além da nicotina, substância altamente viciante e prejudicial à saúde pulmonar, contêm também líquidos vaporizados com substâncias tóxicas e cancerígenas, como formaldeído e acroleina, capazes de danificar os pulmões”, adverte Larissa Curado.
Como uma perspectiva de mudança, segundo relatório da OMS para 2024, cerca de 1 em cada 5 adultos em todo o mundo consome tabaco, uma diminuição significativa em relação aos anos 2000, quando 1 em cada 3 adultos tinha o vício. De acordo com o relatório, 150 países estão tendo êxito na redução do consumo de tabaco, e o Brasil está entre um deles, com redução relativa de 35% desde 2010.
Segundo a médica Larissa Curado, os principais benefícios para aqueles que abandonam o tabagismo são:
- Em 20 minutos, diminuição da frequência cardíaca e pressão arterial;
- Em 12 horas, o nível de monóxido de carbono no sangue se regulariza;
- De 2 a 12 semanas, a circulação melhora e a função pulmonar aumenta;
- De 1 a 9 meses, a tosse e a falta de ar diminuem;
- Em 1 ano, o risco de doença cardíaca coronária é cerca de metade do de um fumante;
- Entre 5 e 15 anos, o risco de derrame é reduzido ao de um não fumante;
- Em 10 anos, o risco de câncer de pulmão cai para cerca de metade de um fumante e o risco de outros cânceres diminuem;
- Em 15 anos, o risco de doença cardíaca coronária equivale a de um não fumante.