Goiás SEGURANÇA

Goiás registra aumento de desaparecimentos em 2023 e enfrenta desafios para localizar pessoas

Estado tem dificuldades para localizar mais de 1.900 pessoas desaparecidas, enquanto famílias enfrentam sofrimento e incerteza; campanha nacional busca conscientizar sobre a importância do banco genético

20/07/2024 15h00
Por: Emilly Viana
Foto: SSP-GO
Foto: SSP-GO

O estado de Goiás registrou o desaparecimento de 3.465 pessoas ao longo de 2023, conforme o 18º Anuário de Segurança Pública de 2024 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O relatório revela um aumento de cerca de 100 casos em comparação com 2022, elevando a taxa de desaparecimentos de 47,6 para 49,1 por 100 mil habitantes, embora Goiás mantenha o menor índice de desaparecimentos na região Centro-Oeste.

Dentre os desaparecidos, apenas 1.535 pessoas foram localizadas, algumas com vida e outras já falecidas. No entanto, mais de 1.900 pessoas continuam sem paradeiro conhecido, causando angústia e incerteza para suas famílias. Casos como o do menino Pedro Lucas, desaparecido em novembro de 2023 em Rio Verde, ilustram o sofrimento contínuo de parentes que não conseguem respostas ou um desfecho para suas perdas.

Desde 2015, a Superintendência da Polícia Técnico-Científica de Goiás (SPTC) mantém um banco genético para auxiliar nas investigações. O Banco de Perfis Genéticos (BPG) do estado possui registros de 890 pessoas não identificadas até junho de 2024. O banco, segundo a polícia, é fundamental para resolver casos de desaparecimento, embora a procura de familiares por este recurso ainda seja limitada.

A SPTC relata que o conhecimento sobre a existência e funcionamento do banco genético é baixo entre a população. Muitos familiares apenas registram o Boletim de Ocorrência (BO) e não fornecem amostras de DNA para a criação de perfis genéticos, o que dificulta a identificação de restos mortais não identificados (RMNI).

Segundo dados do BPG, houve um aumento significativo no número de registros de RMNI, passando de 69 em 2019 para 793 em 2023. Este crescimento é atribuído à inclusão de amostras antigas no sistema. Atualmente, Goiás possui dados genéticos de 17.967 pessoas, contribuindo com cerca de 8% do Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG), o que coloca o estado na quinta posição nacional em termos de contribuição.

Os RMNI frequentemente provêm de corpos sem identificação devido à ausência de documentos, deterioração das digitais ou falta de arcada dentária. Nesses casos, o Instituto Médico Legal (IML) conduz uma investigação cadavérica e coleta amostras de DNA para o banco genético. Se um familiar tiver um ente desaparecido, pode fornecer seu DNA em qualquer delegacia da SPTC para comparação com os registros do BPG.

Os dados genéticos são compartilhados nacionalmente, permitindo a identificação rápida sem a necessidade de deslocamento entre estados. Se o cruzamento de dados não ocorrer em 30 dias, os corpos são enterrados como indigentes, mas podem ser exumados posteriormente caso haja identificação confirmada.

Em agosto de 2024, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) promove a 2ª Campanha Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas, que visa conscientizar a população sobre a importância do BNPG. A campanha incentiva as famílias a fornecerem material genético para facilitar a localização de parentes desaparecidos, um passo crucial para encerrar capítulos dolorosos de suas vidas.

A coleta de DNA é realizada na SPTC após o registro do Boletim de Ocorrência e está disponível todos os dias da semana, em todos os horários.

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