Geral INVESTIGAÇÃO

Corretor de grãos é investigado por golpe de R$ 35 milhões a produtores rurais

Polícia Civil apura contratos e cheques sem fundos, enquanto suspeito alega dificuldades financeiras

03/07/2024 18h00
Por: Emilly Viana
Foto: Enio Tavares
Foto: Enio Tavares

O município de Rio Verde, no sudoeste de Goiás, está no epicentro de uma investigação policial que, nos últimos 15 dias, tem apurado supostos golpes financeiros que somam pelo menos R$ 35 milhões contra produtores rurais da região.

A Polícia Civil suspeita que o corretor de grãos Vinícius Martini de Mello, que atuava há pelo menos dez anos no setor, teria recebido grãos de fazendeiros para comercializar com outras empresas, mas não teria repassado os valores recebidos aos produtores. A defesa de Mello alega que não houve estelionato e que a empresa enfrenta dificuldades financeiras, as quais poderiam ser solucionadas com uma recuperação extrajudicial.

O caso veio à tona no último dia 21, quando a 8ª Delegacia Regional de Rio Verde foi procurada por produtores rurais que denunciaram a falta de pagamento. Desde então, ao menos nove produtores prestaram depoimento afirmando que não receberam os valores devidos pelo corretor, dono da empresa Total Grãos, que teria deixado o país após a deflagração do caso.

Segundo o delegado Marcio Henrique Marques de Souza, o valor do golpe pode aumentar, pois há contratos de outros produtores com o corretor que ainda não venceram. A defesa de Mello afirma que os contratos vigentes somam aproximadamente R$ 80 milhões e que a maioria ainda não venceu, por isso não haveria razão para falar em golpe.

De acordo com a polícia, Mello solicitava mais prazo aos credores ou não respondia aos contatos dos produtores conforme os contratos venciam, até desaparecer da cidade. A polícia conseguiu levantar o valor dos golpes até agora devido aos contratos e cheques entregues como garantia pelo corretor, que não foram pagos.

O advogado de Mello, Emerson Ticianelli, afirmou que seu cliente deixou a cidade por causa de ameaças contra ele e seus familiares. Mello enviou emails a credores há cerca de dez dias, justificando os prejuízos sofridos no ano passado e afirmando que busca formas de obter crédito para quitar as dívidas. Ele diz que está disposto a prestar depoimento à polícia de forma remota.

Prejuízo

A Polícia Civil de Rio Verde continua a investigar o caso e acredita que o valor envolvido pode aumentar, pois há relatos de casos semelhantes em cidades vizinhas. Outras diligências estão sendo realizadas para verificar a extensão dos golpes na região.

O advogado de Mello nega que seu cliente tenha cometido estelionato e atribui os problemas financeiros à variação de preços no mercado de grãos, alegando que seu cliente teve prejuízos para não prejudicar os produtores. Ticianelli planeja impetrar um mandado de segurança para tentar trancar o inquérito policial.

O incidente ocorre em meio a um cenário de crescente desenvolvimento do agronegócio no Centro-Oeste e no Matopiba, regiões que têm registrado um aumento de golpes e investigações relacionadas a crimes financeiros contra produtores rurais. Em Rio Verde, operações anteriores da Polícia Civil já desarticularam quadrilhas especializadas em estelionato e lavagem de dinheiro no setor.

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