Dos 25 partidos em atividade em Anápolis, 40% são comandados por políticos com mandato. Outros 16% possuem na presidência alguém que já teve cargo eletivo. Já 32% são dirigidos por pessoas que embora não tenham disputado voto, possuem experiência na vida pública e fazem parte do debate eleitoral da cidade há muitos anos.
O raio-x das agremiações partidárias anapolinas deixa em evidência que o jogo eleitoral de 2024 será tocado por quem conhece o processo. Também revela algo comum do mundo político brasileiro: raramente quem tem pouca experiência ocupa o posto máximo de uma sigla. Como afirmou o sociólogo francês Maurice Duverger, é “uma casta mais ou menos fechada sobre si mesma”.
São seis partidos comandados por um político com mandato. Quatro deles são vereadores e, entre eles, dois estão há mais de uma legislatura na Câmara Municipal e são acostumados a presidir agremiações: Dominguinhos do Cedro, do PDT, e Jakson Charles, do PSB. A vereadora Andreia Rezende, no seu primeiro mandato no Legislativo, assumiu recentemente o Avante. Ela também tem história na política local, que vem de berço, e é acostumada, desde jovem, a transitar em partidos.
Outro vereador que preside partido é Hélio Araújo, do PL. A sua trajetória recente dentro do partido foi feita de altos e baixos. A vitória de Wilder Morais, e 2022, colocou Hélio novamente à frente do PL anapolino – ele, inclusive, é suplente do senador. Já o Progressistas (PP) é presidido pela deputada estadual Vivian Naves, escolhida pelo partido, e pelo presidente regional Alexandre Baldy, para dirigir a sigla nesse processo eleitoral. Vivian acumulou experiência como primeira-dama de Anápolis, e na participação direta nas duas campanhas vitoriosas do prefeito Roberto Naves (Republicanos), em 2016 e 2020.
Outro político com mandato no comando de partido é Coronel Adailton, deputado estadual, que está à frente do Solidariedade. Adailton pode até levar seu apoio pessoal para um lado, mas a tendência é que a sigla tenha rumo oposto. O deputado pretende apoiar Márcio Corrêa (PL) para prefeito. O Solidariedade tende a se aliar, conforme negociações em Brasília, ao PT de Antônio Gomide.
Mas nem essas duas possibilidades estão definidas. Isso porque há clara possibilidade do Solidariedade de Goiás mudar de comando, o que implicaria em novas negociações nos municípios. Denes Pereira, o presidente atual da sigla e que levou Adailton para o Solidariedade, apareceu em investigação que apura fraude em licitações e contratos da Prefeitura de Goiânia. Denes, inclusive, pediu afastamento do cargo de secretário de Infraestrutura Urbana da capital.
QUARTETO
Já quatro presidentes de partido já tiveram mandato eletivo. Um deles, Joaquim Jacinto de Lima, o Liminha, dirigente do PSD, foi presidente da Câmara de Anápolis por duas vezes, ocupou cargos de primeiro escalão no Governo de Goiás e também na Prefeitura de Senador Canedo, onde estreitou laços com o prefeito da época, Vanderlan Cardoso, hoje senador e presidente regional do PSD. Liminha foi nomeado por ele para presidir a sigla em Anápolis nesse processo eleitoral.
Clodoaldo Dias dos Santos, presidente do PRD, já foi vereador em Corumbá de Goiás. Outros dois presidentes são oriundos do Legislativo: Sargento Pereira, dirigente do PRTB, e Wilmar Silvestre, no comando do Republicanos.
O PSOL é presidido em Anápolis por Marcelo Moreira, que já foi candidato a deputado estadual e tem ampla experiência em disputas dentro da Universidade Estadual de Goiás (UEG) – ele já foi candidato a reitor. Rodrigo Alves Nadagi, que está à frente do Agir, também não é um novato e já enfrentou campanhas na disputa para vereador em Anápolis.
Dois partidos grandes, PSDB e União Brasil, colocaram estreantes em eleições nos seus comandos, mas não se tratam de neófitos na vida pública. Tanto é que ambos são pré-candidatos a prefeito. Hélio Lopes, do PSDB, foi presidente do Ipasgo e sempre esteve às voltas com o mundo político em outros cargos que ocupou, na presidência da Apae e na direção da Anapolina.
Eerizania Freitas, presidente e pré-candidata do União Brasil, enfrentará sua primeira campanha com o nome na urna. A servidora pública passou, nos últimos oito anos, pelas principais secretarias municipais da Prefeitura de Anápolis, ajudando a criar programas e rodando a cidade para exercer suas funções. À frente do MDB está o médico Pedro Paulo Caiado Canedo, que tem a política no sangue, participou das campanhas do pai, Pedro Canedo, e sempre esteve envolvido em debates partidários, embora nunca disputou eleição.
Francisco Rosa, o presidente do PT, foi o principal auxiliar de Antônio Gomide na área da Integração Social e sempre esteve envolvido com movimentos comunitários – principalmente através do esporte amador – é servidor público e ativo na vida partidária. Tem experiência em campanhas.
Raquel Antonelli, presidente do Podemos, pré-candidata a vereadora, fez a estreia no comando de uma sigla após a experiência acumulada como secretária municipal e passagem na chefia de gabinete do prefeito e vice. Além disso, o seu pai, pastor Bertiê Magalhães, da Assembleia de Deus Ministério Madureira, é figura conhecida na cidade e influente na política.
MENOS CONHECIDOS
Dos 25 partidos, 24% têm presidentes que podem ser considerados menos conhecidos entre aqueles que militam na política local. Entre essas seis siglas, talvez o dirigente do PV, Nivaldo Camilo Filho, seja aquele mais afeito ao processo. Advogado, ele já foi subprocurador e hoje é assessor parlamentar na Câmara Municipal.
O presidente do Novo, Danilo Baliza, é advogado militante do movimento classista da subseção local da OAB, mas não era conhecido pela política partidária. Zeila Martins Oliveira, que assumiu o comando do PCdoB, é pouco conhecida na cidade – inclusive, passa a semana em Goiânia, onde trabalha.
Eudes da Silva Bitencourt Junior, do DC, é hoje alguém que assumiu o partido na cidade como um movimento mais de retirada do líder comunitário Jorge Bezerra, do que propriamente um construtor de um projeto para a disputa eleitoral. No PMB, a presidente, Edna Martins, é chefe de gabinete do vereador Delcimar Fortunato (PSDB). No Cidadania, Hustênio Filho foi escolhido para presidir a sigla no município porque o titular, Michel Roriz, foi convocado para assumir o comando a nível regional.
Nesse universo, há duas indefinições. A primeira delas é em relação ao Mobiliza. A dúvida é saber quem está presidindo a sigla na cidade. A Rede Sustentabilidade, ativa nas articulações políticas através do porta-voz João Victor Martins, que é quem comanda a sigla na cidade, mas ainda sem regularização no TSE.
COMISSÕES E DIRETÓRIOS
Dos 25 partidos ativos na cidade, 21 são dirigidos por comissões provisórias: PL, Mobiliza, PRD, PSDB, Agir, PSB, Solidariedade, União Brasil, PRTB, PSD, PDT, Novo, DC, PMB, Cidadania, Podemos, Avante, PP, Republicanos, PV e Rede. Essa quantidade representa 84% do total. São apenas quatro diretórios existentes na cidade: PCdoB, MDB, PSOL e PT.