Anápolis é sede de uma entidade que oferece tratamento terapêutico com cannabis a todo o Brasil. A associação terapêutica SouCannabis conta com profissionais especializados no assunto, que atuam em diferentes áreas, como saúde, educação, comunicação e tecnologia.
Segundo a associação terapêutica, a sua atuação é pautada pela visão política de redução de danos, promoção do debate antiproibicionista e reparação histórica e social das pessoas que são atingidas pela falta de regulamentação e guerra às drogas.
A cannabis medicinal é considerada hoje uma opção terapêutica que auxilia no tratamento de diversas doenças. Seu principal componente é o canabidiol (CBD), substância responsável por ativar e regular o sistema nervoso e imunológico.
O presidente da SouCannabis, Denver Carniello Rezende, conta que a associação terapêutica começou “genuinamente atendendo os anapolinos”, mas acabou se expandindo para todo o país, graças a divulgação feita na internet.
Hoje são cerca de 4 mil associados na entidade. O acolhimento na SouCannabis é feito através do seu site, com a abertura de uma solicitação on-line. É preciso se tornar um associado e aguardar atendimento, também digital.
Denver deixa claro que não há cobranças de mensalidades e anuidades. O associado garante descontos em consultas feitas pelos profissionais cooperados e consegue o acesso aos canabinóides com valores bem menores que o do mercado.
“A associação também possui serviço social, doando mensalmente um valor considerável em produtos e atendimentos para associados que não possuem capacidade de financiar o próprio tratamento”, ressalta o presidente da SouCannabis.
É justamente esse o papel da entidade anapolina: auxiliar seus associados a terem um acesso ao tratamento à base de canabinóides com valores mais justos. “Não é exagero afirmar que um tratamento com produtos importados, que é o que se encontra no mercado, custa em média R$ 2 mil por mês. Este é um valor impraticável para a maioria absoluta dos brasileiros”, ressalta Denver.
Outro ponto importante da SouCannabis é o trabalho cooperativo de médicos e profissionais que possuem expertise com o tratamento de canabinóides em várias áreas, inclusive com acompanhamento terapêutico de naturólogos e psicólogos.
“Oferecemos também orientação jurídica para os associados que possuem o interesse de buscar juridicamente o direito do plantio da cannabis para uso terapêutico”, explica Denver. Ele revela que as maiores demandas dos associados são para tratamento de epilepsia, dores crônicas e generalizadas, depressão e autismo.
DEBATE
Segundo Denver Carniello, o debate sobre o uso medicinal da cannabis vem avançando anualmente de forma muito acelerada. “Hoje temos uma aceitação científica do potencial do tratamento com a cannabis medicinal que não era presente há poucos anos atrás. É muito comum hoje encontrar um médico que prescreva a cannabis medicinal”.
O presidente da entidade diz que o Brasil já possui várias leis aprovadas sobre a cannabis medicinal, principalmente a nível municipal e estadual. Alguns estados já possuem leis que determinam a distribuição da cannabis medicinal pelo SUS em farmácias de alto custo.
“Porém a principal questão ainda é um projeto de lei que trate da legalização e regularização do cultivo da cannabis para fins medicinais. Esta é a questão, ainda em pendência, que precisa ser de fato decidida no Brasil”, afirma o presidente da SouCannabis.
O 2º Anuário da Cannabis Medicinal no Brasil, publicado em 2023, revelou que 430 mil pacientes realizavam tratamentos com medicamentos à base da planta, um avanço de 130% em relação a 2022. Justamente por essa falta de previsão legal para o cultivo, a maior parte dos remédios vem de fora, e a importação domina 51% do mercado, movimentando R$ 699 milhões até o final do ano.
O anuário mostra que 219 mil pacientes importam medicamentos de cannabis no Brasil, enquanto 114 mil, que perfazem 26%, fazem tratamento via associações e 97 mil pessoas - 22% do total - têm acesso aos medicamentos à base de cannabis nas farmácias. Há também remédios no Sistema Único de Saúde (SUS).
A cannabis medicinal é um termo que se refere aos medicamentos feitos à base de canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC), duas das cerca de 500 substâncias da planta Cannabis sativa (canabinoides).
INCLUSÃO
Uma nota técnica divulgada em abril do ano passado, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), defendeu a inclusão de cannabis medicinal no SUS e enumerou doenças para as quais há evidências robustas sobre os benefícios da planta.
Em uma audiência pública sobre terapia canabinoide, realizada na Assembleia Legislativa de Goiás, o presidente da SouCannabis falou não somente do plantio, mas também do cultivo, pesquisa, fabricação e comercialização desse tipo de medicação no Brasil.
“Não existe nenhuma lei que assegura sequer a distribuição dessa medicação no Brasil, então a maioria dos pacientes busca garantir o uso através das associações devido à dificuldade de acesso e ao alto custo. Quando não conseguem entram com habeas corpus como última possibilidade", ressaltou na época Denver Carniello.
Ele comentou ainda que a “a Anvisa ainda tem uma visão muito conservadora”. “Deixando de olhar a questão com profundidade e, por isso, ficamos à mercê dos poderes dependendo de decisões de estâncias superiores. Sabemos que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado, por isso mesmo, precisamos de decisões rápidas porque a doença não aguarda, pessoas sofrem e precisam ter acesso a esta medicação”.
SouCannabis Associação Terapêutica
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