Meio Ambiente MEIO AMBIENTE

Primeiras obras do Plano de Macrodrenagem trazem solução localizada, diz consultor

Antônio El-Zayek ressalta que, na Brasil Sul, onde houve implantação de jardins de chuva, enchentes foram reduzidas

11/12/2023 10h00
Por: Lucas Tavares
Foto: Renato Lopes/ Prefeitura de Anápolis
Foto: Renato Lopes/ Prefeitura de Anápolis

O Plano de Macrodrenagem Urbana de Anápolis, que visa resolver os problemas de alagamento e enchentes na cidade, ainda mantém obras do núcleo emergencial, o primeiro dos três previstos. Na região da Avenida Brasil Sul, por exemplo, os jardins de chuva instalados resolveram parte das reclamações dos moradores. 

O plano, que foi idealizado pela Prefeitura de Anápolis, por meio da Secretaria de Obras, Meio Ambiente e Serviços Urbanos e que conta com o apoio do consultor ambiental Antônio El Zayek, deve seguir atuando de forma localizada para minimizar as complicações nas áreas mais atingidas. 

De acordo com o ambientalista, durante os últimos meses foi feito um levantamento de áreas possíveis para a realização desse trabalho, o que, segundo ele, gastou um tempo considerável. 

“Tivemos que levantar onde seria possível essas intervenções em áreas públicas, porque quando você chega em uma área particular, como a gente sugeriu, você tem uma demanda de tempo muito maior”, afirmou Zayek. 

“Efetivamente, foram feitas limpezas para que tivesse um fluxo maior e que qualquer chuva não resultasse em enchente, além de alguns jardins de chuva, na Avenida Brasil. No mês de novembro, entregamos um relatório de intervenções que a Prefeitura vai poder fazer em toda aquela área, jardins de chuva, trincheiras de infiltração e postos de recarga”, completou. 

Segundo ele, a estratégia de agir localmente, com intervenções pontuais, têm surtido efeito. “A água que se represava ali [na Brasil], se você entrevistar as pessoas que moram por lá elas vão estar muito satisfeitas, mas tem três na ponta que não foram interligados ainda, porque não tem tanto maquinário assim”, disse. 

“É muito difícil resolver a questão da água toda de uma vez, lá embaixo não vai resolver. Então é localmente, cada pessoa, cada casa, cada dreno, cada local”, continua. 

Para Zayek, uma forma importante para avançar na segurança da cidade de imediato seria o incentivo a drenagem em áreas particulares, o que evitaria a transferência de água para áreas públicas. 

“Hoje, se toda casa, todo terreno, de Anápolis tivesse um posto de recarga, a gente não teria esse problema, porque enquanto a gente continua impermeabilizando a cidade, as mudanças climáticas estão trazendo chuvas cada vez mais volumosas, então, você agrava a situação”, destacou. 

Próximos passos 

De acordo com o ambientalista e consultor da Prefeitura de Anápolis, recuperar algumas estruturas que já funcionaram como, por exemplo, a da Vila Formosa, seria importante para dar seguimento no trabalho. Até pouco tempo, os moradores da região sofriam com erosões e alagamentos. 

A Avenida Isidoro Sabino, que leva muita água para o Córrego Antas, é outro ponto que deve receber atenção especial. “Tem a sugestão de vários alagados e jardins para não deixar a água chegar lá embaixo e foi feita uma limpeza, pois estava tudo assoreado”, explicou. 

Seca 

Zayek destaca que, até o momento, a cidade não sofreu com grandes volumes de chuva na parte mais crítica. A mais forte, desde o fim da estiagem, atingiu apenas a região Norte do município, poupando assim a parte mais crítica. 

“Se fosse na região Sul, teria alagado. Estamos vivendo uma mudança climática, com pouca chuva, principalmente no Centro-Oeste do Brasil. Caso concluído, o plano de drenagem resolveria todos os problemas relacionados a enchentes e alagamentos, atuais e do futuro”, ressaltou. 

O principal problema, para o ambientalista, é a forma como o solo foi e ainda é ocupado em Anápolis, o que faz com que, mesmo não ter grandes rios, sofra com alagamentos. “Isso é antigo e sempre quem sofre mais é a população de baixa renda”, lamentou. 

O plano de drenagem, então, para além de contemplar as erosões, ajudaria na questão da falta d’água no município, pois, segundo Zayek, se trata de uma reabilitação ambiental. 

Sociedade 

“A sociedade é parte do problema e parte da solução. Toda casa que verte água para a rua cria um problema. A gente já tem no plano diretor de Anápolis que casa nova tem que ter um posto de recarga, em áreas grandes, isso deveria ser primordial”, reforçou. 

“A gente já tem uma taxa do lixo, uma taxa de água, de esgoto e o marco do saneamento traz resíduos sólidos e drenagem, que ficou meio esquecida. Então, poderia criar uma taxa de premiação para quem faz, como descontos no IPTU e vários outros modelos para a população aderir, como uma fiscalização aleatória”, concluiu.

Nenhum comentário
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.