O início das celebrações dos 80 anos da chegada dos frades missionários norte-americanos em Goiás, Tocantins e Distrito Federal será no dia 17 de julho, na Paróquia Sant’Ana, em Anápolis, às 19 horas. Em seguida, a celebração acontece, em datas específicas ao longo do ano, em todas as cidades em que os frades mantêm sua ação paroquial, sendo elas Goiânia, Catalão, Pires do Rio, Brasília, Araguacema e Lajeado.
Para o ministro provincial franciscano, Frei Carlos Antônio da Silva, ao celebrar as oito décadas, o primeiro sentimento é o de gratidão. “Penso sobre a história da Província, os frades norte-americanos que chegaram para desbravar esse território, e sobre cada uma das cidades que residiram e tiveram contato com a comunidade. Passaram tantos frades, por tantos lugares. Gratidão por todos que vieram para o Brasil”, ressalta.
Frei Carlos Antônio também ressalta a gratidão por ter a oportunidade de conhecer e conviver com muitos missionários. “O segundo sentimento é de encantamento. Quanta beleza existia na postura, no cuidado, na dedicação de cada um deles. Depois ressalto a admiração que tenho pelo espírito missionário franciscano de viver o Reino de Deus a exemplo de Jesus Cristo, ao modo de São Francisco de Assis”, elogia.
O superior franciscano diz que as celebrações que irão acontecer durante todo o ano, em diferentes regiões de atuação dos frades, buscam reviver toda a história bonita de desafios, mas sem sombra de dúvida, “de uma memória positiva de tudo que construíram com muita dificuldade”. “Tudo que temos hoje nas cidades onde estão nossas missões, tem um pouco da cultura dos franciscanos norte-americanos. Celebrar oito décadas de história nos faz olhar o passado com alegria e o futuro com esperança”, reconhece.
Pároco de Sant’Ana, nesse tempo de celebração dos 80 anos, Frei Wanderley Carvalho do Couto recorda as quatro décadas em que está com os frades, desde o seu período de formação. “Tive a graça de conhecer vários norte-americanos. O primeiro deles foi João Francisco Granahan, da turma Pioneira, dos que chegaram em 1943”, cita. O frade se lembra também do irmão Frei Valeriano Vanderchack, que foi seu vice-mestre durante o Noviciado. “Muito simples, humano e bom”, acrescenta.
Para Frei Wanderley do Couto foi uma grande graça a convivência, em Porangatu, no seu primeiro ano como padre, com Frei Celso Hayes, também da turma pioneira. “Ele já estava com a idade avançada, mas com uma pregação vigorosa, que testemunho maravilhoso, que carinho com o povo”, relembra. Ao sair do Norte e ir para Catalão, fala sobre as boas lembranças de Frei Beraldo Hanlon, que chama carinhosamente de “nosso cantor”.
Sobre Frei Chicão, muito conhecido pela comunidade católica da cidade, diz: “não poderia ter sido uma graça maior ter convivido com ele, ter saído para rezar nas casas, viajando para algum distrito, dirigindo para ele, aprendendo seu jeito de lidar com o povo. Que homem tão amado, tão sério e engraçado ao mesmo tempo”.
Ao chegar ao Brasil na década de 70, o bispo da Diocese de Anápolis, o polonês Dom João Wilk, já conheceu os frades missionários norte-americanos da Província do Santíssimo Nome de Jesus do Brasil. Foram eles que apresentaram a cidade de Anápolis, antes mesmo de conhecer a Cidade Ocidental, onde era seu destino inicial.
Neste ano, em que a família franciscana celebra os 80 anos da chegada dos primeiros frades na região Centro-Oeste, Dom João ressalta: “eu sempre considerei que o espírito de religiosidade de Anápolis é franciscano. Ele é sutil e está presente, e em torno dos franciscanos as pessoas se reúnem, as igrejas dos franciscanos são muito frequentadas. Anápolis cresceu junto com a pastoral franciscana”.
O bispo recorda com carinho do primeiro contato com os frades. “O superior provincial me disse para eu ficar com o endereço (dos frades em Brasília) e que se acontecesse alguma coisa, ao chegar ao Brasil, que eu fosse até lá. E de fato, eu, sem pensar muito, ao chegar ao aeroporto, peguei o táxi e com pouco português que eu falava, fui para o Convento Santo Antônio, em Brasília. E lá foi meu primeiro encontro com os frades missionários americanos”, recorda.
No outro dia, os frades vinham à Anápolis para participar de uma reunião e convidaram Dom João Wilk para conhecer a cidade. “Então eu deveria ir junto para conhecer e depois eles me acompanhariam até o meu destino, que era Cidade Ocidental, onde eu iria morar aqui no Brasil. Então eu cheguei e eles estavam em reunião e eu tive a oportunidade de conhecer o Convento e as ruas próximas. Chamou a minha atenção as árvores da Praça Dom Emanuel. Olhei aquelas árvores grandes, lá foi o meu primeiro encontro com a vegetação brasileira, isto em 1978”, conta.
Dom João Wilk, em suas recordações, fala sobre frei Juvenal. “O sorriso permanente dele me cativou, desde as primeiras vezes que nos encontramos. Sempre sorridente, feliz, disponível para servir”, cinta. “Já idoso, curvado, surdo sempre se colocava à disposição e pode-se dizer que o pecado não existia, ele via a pessoa e minimizava o peso da consciência da pessoa e dava conselhos da forma que as pessoas se sentiam elevadas”, engrandece.
“Quando eu cheguei em Anápolis como bispo, a família franciscana já me era conhecida, tanto os irmãos americanos quanto os brasileiros. Eu celebrei exéquias de muitos deles. Frei Juvenal já era conhecido por ser um grande confessor, uma figura que merece ser cultivada, sua contribuição para a religiosidade em Anápolis e nas outras cidades nas quais ele trabalhou é inestimável”, elogia.
Na celebração dos 80 anos da chegada dos missionários, Dom João Wilk ressalta: “É muito bonito que os frades queiram cultivar a memória, porque a memória e a história são as mestras do presente e do futuro. Desejo que tenham sobretudo, numerosas, boas e santas vocações”.