Concluir o Ensino Fundamental ou Médio na fase adulta é um desafio. Mas na avaliação da pedagoga e mestra pela PUC (GO), Sandra Fátima da Silva Araújo é algo que deve ir além da conquista do diploma e chegar na transformação crítica e reflexiva do cidadão. O tema tem sido discutido pelo Ministério da Educação que firmou o pacto social, para melhorar e fortalecer a educação de jovens e adultos (EJA) nas cidades brasileiras.
A proposta nacional é reunir periodicamente representantes de diversos segmentos da sociedade, de cada estado brasileiro, para trabalhar em conjunto, seguindo a filosofia do compromisso pela educação, impetrada pelo Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Para Sandra Araújo muitos não conseguem conciliar o trabalho com o estudo e a evasão escolar passa a ser uma constante.
Na avaliação da pedagoga, diante das condições econômicas do país, principalmente após a pandemia por Covid19, jovens têm abandonado o ensino regular e as aulas do EJA. “A necessidade de trabalhar está em primeiro lugar”, avalia. No entanto, ao não concluir os estudos, ela destaca que há uma dificuldade em melhorar a recolocação no mercado de trabalho e a formação pessoal.
Para Sandra Araújo, o profissional está sendo cada vez mais cobrado e um cenário de muita competitividade. “Quem não tem formação possui mais dificuldades de se integrar e de permanecer nos postos de trabalho”, diz. Ela observa que ao longo dos anos, que atua como educadora, que a educação de jovens e adultos promove a melhoria escolar com outras possibilidades de currículo, é inclusiva antes de tudo, promove autoestima dos educandos e apresenta possibilidades de inclusão social.
POSSIBILIDADES
Sandra Araújo opina que o EJA vai além de um diploma e possibilita a reflexão social e a formação de cidadãos mais críticos. “Acredito que podemos promover um debate maior sobre a violência, a inserção no mercado de trabalho, práticas comunitárias que buscam formas de emancipação e libertação diante das diferentes maneiras e processos de exploração e submissão histórico-social”, cita.
Sobre os desafios, de motivar um adulto a voltar para a escola, a pedagoga diz que é oferecer um ensino que vai além da sala de aula e que seja transformador, com foco na qualificação, equalizador e reparador. “Para alcançarmos uma mudança social, é fundamental a mudança de comportamento com ênfase na educação significativa que Paulo Freire defendia”, cita.
Sandra diz ainda que o adulto deve ser motivado a continuar os estudos, a se preparar para o Enem e a seguir a carreira acadêmica, cursar uma faculdade ou um curso técnico, ou seja, para dar continuidade aos estudos. “O diálogo é uma característica primordial na educação libertadora, pois é através dela que o debate acontece. A EJA possui um foco amplo que visa uma sociedade com equidade e uma educação eficaz. Nessa modalidade o ensino precisa ser dinâmico e flexível em todos os campos”, orienta.