O presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, Lion Ferreira, diz que as ações vão além da garantia de direitos. “Ele se faz como importante ferramenta para a construção de Políticas Públicas, assim como, um instrumento de luta contra o racismo, a discriminação e desigualdades raciais e sociais”, apresenta.
Ele ressalta que, em parceria com a Prefeitura Municipal de Anápolis, foi promovida a II Conferência de Igualdade Racial, onde foi possível observar que as pessoas ainda têm dificuldades em entender a finalidade e os objetivos de um Conselho. “Primeiro porque confundem as instâncias e consequentemente não compreendem os objetivos e importância do mesmo. Acredito também que, um dos motivos da dificuldade em compreender a importância de um Conselho de Promoção da Igualdade Racial, está muito atrelado ao próprio racismo e pela dificuldade da sociedade em aceitar que o racismo ainda não foi superado”, analisa.
Na avaliação de Lion Ferreira, isso faz com que o Conselho tenha como grande desafio a mobilização social, “para uma luta árdua e sistemática contra o racismo”. “O Conselho ainda é novo na cidade, está com um pouco mais de um ano de formação, temos muita luta pela frente ainda, muita coisa a ser feita, estamos entrando no quarto mês de 2023, já com alguns projetos de parcerias, com educação, empresas, instituições de ensino superior, sociedade civil”, pontua.
AÇÃO
Lion Ferreira observa que é preciso intensificar este trabalho nas escolas. “Para que o racismo seja superado, é necessário que tenhamos uma educação libertadora, inclusiva, livre de preconceito e discriminação”, diz. O presidente lamenta que ainda há um índice muito alto de crimes relacionados ao racismo e cita o observatório de Direitos Humanos, que aponta que “71,5% das pessoas assassinadas são negras ou pardas, com baixa escolaridade e não possuem o ensino fundamental concluído”.
O Observatório relata ainda, segundo Lion Ferreira, que jovens negros, especialmente moradores das periferias, são as principais vítimas policial no país, sendo, de cada 10 mortos pela polícia, sete são negros. “Em Anápolis temos um Grupo especializado no atendimento às vítimas de crimes raciais e delitos de intolerância (CEACRI), que funciona dentro da Delegacia, o qual o Conselho também estabelece parceria, recebe denúncias, encaminha, orienta as vítimas a procurarem por seus direitos”, explica.
No entanto, Lion Ferreira observa que ainda há muito o que fazer. “Estamos nessa luta e chamamos toda a sociedade a estar conosco. Ela não é só do Conselho, mas de todos nós, pois, conforme a escritora Ângela Davis, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista”, finaliza.