A defesa dos direitos da pessoa com deficiência é uma atitude que vai além da responsabilidade de criação de políticas públicas ou da prática do politicamente correto. É uma questão de garantia da dignidade humana e, principalmente, uma atitude de amor. Um ato indispensável para que essas pessoas se sintam incluídas e que não sejam invisíveis aos olhos da\ sociedade.
No final do ano passado o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados que revelam que pelo menos 45 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência. Isso representa quase um quarto da população total do país. Além do amor e luta em conjunto pela garantia de seus direitos, é necessário que, juntos, busquemos mais acesso e autonomia para essa importante parcela da sociedade.
O mesmo IBGE, em 2019, por meio da publicação Pessoas com Deficiência e Desigualdades Sociais no Brasil (PNS-2019), apontou que a taxa de participação das pessoas com deficiência no mercado de trabalho era de tímidos 28,3%, enquanto que a taxa de desocupação era a maior já verificada: 9%.
O preconceito ainda é uma nódoa facilmente identificada no comportamento da sociedade atual. As ocorrências de desrespeito e de violência moral e social contra as pessoas com deficiência parecem se multiplicar a cada dia. E pior, as agressões são publicadas nas redes sociais, que ampliam consideravelmente seu poder de efeito danoso.
Foi registrado recentemente um caso de preconceito com essas características, envolvendo uma maquiadora e influenciadora digital de Anápolis, que repercutiu em todo o Brasil. No estacionamento de um shopping ela fez críticas a pessoas com autismo e homossexuais, com requintes de crueldade.
Um ato que despertou indignação aos pais, a nós pessoas públicas, aos profissionais que trabalham com crianças com autismo e a todas as pessoas de bem que viram a publicação. Tempo depois a agressora publicou um vídeo com pedido de desculpas. O que, é claro, não foi suficiente para apagar o dano já causado.
Em Anápolis, um vídeo viralizado nas redes sociais, recentemente, mostrou as ameaças de um homem conta a mulher. Segundo ela, teria sofrido ameças de vizinhos após o filho autista, de 5 anos, fazer barulho. A criança tem Transtorno do Espectro Autista, ainda não fala, e se expressa por meio de gritos. Segundo a polícia, essa foi a frase de ameaça dita pelo homem: “Você faz esse menino calar agora, senão eu mesmo entro aí e faço ele calar”.
Um caso que chocou o país aconteceu em Belo Horizonte. Um homem se irritou com o barulho feito por um menino com autismo, ao acionar com frequência a buzina do carro dirigido pelo pai. O agressor discutiu com o pai da criança e o matou a tiros. Podemos citar inúmeros casos com essas características.
Como pai de uma linda garotinha especial, consigo enxergar com um pouco mais de profundidade as consequências geradas por este comportamento. Na condição de pai ofereço à ela o amor. Como cidadão, colaboro com todas as iniciativas que objetivam defender a dignidade das pessoas com deficiência.
Agora, como homem público, também tenho a oportunidade de oferecer ideias que, apoiada por meus colegas vereadores e pela gestão municipal, são transformadas em lei. São projetos voltados à garantia dos direitos das pessoas com deficiência e que estimulam a conscientização da sociedade sobre o tema.
Uma dessas iniciativas dispõe sobre a instalação de placas de instrução e orientação das atividades físicas em todas as academias públicas ao ar livre, espalhadas em parques, áreas de lazer, praças e demais espaços públicos da cidade. A lei também prevê que o município promova instrução e orientação sobre a prática de atividades físicas por esse grupo específico.
Outra lei de nossa iniciativa trata da instalação de brinquedos adaptados para crianças com deficiência em locais públicos de lazer, praças e parques da cidade. Os brinquedos, claro, são adequados às necessidades das crianças com deficiência.
Em parceria com a Companha Municipal de Trânsito e Transportes (CMTT) fizemos blitz nos shoppings para observar como estão as reservas e ocupações das vagas de estacionamento para deficientes e idosos. Agora vamos produzir panfletos com orientações à comunidade, para assegurar que cresça a cultura de respeito às leis que determinam vagas específicas para essas pessoas.
Essas atitudes fazem parte de um contexto de gestos concretos que precisamos estimular junto à sociedade. O preconceito contra pessoas com deficiência era um mal oculto que, com os tempos modernos, ganhou visibilidade. E ampliou seu raio de ação. A única forma de mudarmos esse quadro é agir em conjunto, ampliar a conscientização, tratar a questão com a importância que merece. E fazer do amor nossa principal estratégia de ação.
Frederico Godoy, Corretor de Imóveis e vereador