Repensar estratégias de políticas públicas urbano-turísticas (Plano Diretor Turístico), socioculturais e socioambientais a partir do estudo, da defesa e da proteção e criação de acervos artísticos inspirados e/produzidos na paisagem cultural e no imaginário urbano (rural) de Pirenópolis. Esta é a proposta do INPIRI, plataforma multimídia e digital de divulgações turísticas por intermédio de ações artísticas, explica o artista e pesquisador urbano Fred Le Blue, um dos idealizadores do projeto. “O INSPIRI está apresentando uma série de ações socioculturais organizadas para posicionar Pirenópolis como capital da cultura no Centro-Oeste e do turismo cultural sustentável no Brasil”, afirma o artista.
Segundo Le Blue, a ideia é incentivar o turismo de experiência ou etnográfico, superando o atual modelo de destino instagramável de final de semana. “Este esforço comunicativo e artístico de educação socioambiental e patrimonial pretende, assim, dar visibilidade pública à Pirenópolis em momento pós-pandemia para incentivar o desenvolvimento econômico e urbano sustentável na cidade”, destaca o compositor goiano. A iniciativa, realizada em parceria com o programa de Pós-Graduação em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado da Universidade Federal de Goiás (TECCER-UEG), busca, também, contribuir para obtenção do título de Patrimônio Histórico da Humanidade (UNESCO) para a cidade.
Além do programa de pós-graduação em Territórios Culturais e Expressões do Cerrado, da UEG, o projeto conta ainda com a chancela do Museu do Cerrado da Universidade de Brasília (UnB) e do MOVimento ARTetetura e HUMANismo (ARTeteTurismo), este responsável por disseminar uma linhagem metodológica de projetos, em que a arte tem sido utilizada como um instrumento científico de divulgação cultural (turística), de educação patrimonial, planejamento urbano (regional) e de city-marketing.
Todos os desdobramentos artísticos do INSPIRI podem são compartilhados gratuitamente na plataforma virtual de divulgação turística e cultural sobre as Pedras, Rios e Almas de Pirenópolis, com foco no conceito de paisagem cultural, que inclui mais do que os acervos edificados – pedras -, mas também os santuários ecológicos – rios - e as memórias coletivas - almas: http://www.inspirenopolis.weebly.com.
Para Le Blue, idealizador do MOVimento ARTetetura e HUMANismo e de sua aplicação no turismo sustentável, o ARTeTurismo, esse citytour virtual de 360 graus pelas inúmeras "pontes-de-vista", por onde passam o rio do imaginário social urbano e rural, divino e profano de Pirenópolis vai se beneficiar da cultura popular e pós-moderna, autoral e colaborativo, permitindo também a criação de novos acervos geoafetivos ou ecopoéticos textuais, sonoros e visuais sobre a cidade. “Uma ação sociocultural arte-educativa de empoderamento narrativo e pertencimento local com crianças da rede pública de educação está prevista como contrapartida social”, explica ele.
O início
Fred Le Blue conta que tudo teve início o período pandemia de Covid-19, quando impossibilitado de viajar e não tendo preservado imagens, começou a compor músicas sobre a viagem que fizera nos tempos de estudante de fotografia na Universidade Federal de Goiás (UFG). Aos poucos, seu deu conta da diversidade cultural da cidade e percebeu a necessidade de divulgar o patrimônio imaterial das cidades com suas trupes artísticas e grupos musicais que deveriam ser tombados, como já ocorre na França.
Segundo artista, uma forma de imortalizá-los é com a produção de minidocs sobre o grupo de teatro das Pastorinhas, o de dança da Contra-Dança e os de música, como a Banda de Couro e a Banda Phoenix, que permitem reverenciar as memórias coletivas intergeracionais que os sustentam, por meio da oralidade, bem como todas as festividades da Cavalhadas e da Folia do Divino e de Reis.
Como a cidade também é uma espécie de meca resiliente da MPB banquinho e violão, ele destaca que decidiu realizar um documentário comemorativo para celebrar seu encontro com duas lendas da música goiana radicadas na cidade: Dante e Tonzera. “Estimulado, inclusive pelo maracatu pernambucano e boi-bumbá maranhense de Piri, e conhecendo com mais propriedade a realidade local e sua história urbana, comecei a criar novas canções, que pudessem ser gravadas também pelos artistas da cidade formando também uma cartografia das vozes e talentos musicais da cidade”, finaliza Le Blue.